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Cidades Quinta-feira, 04 de Julho de 2013, 09:59 - A | A

Quinta-feira, 04 de Julho de 2013, 09h:59 - A | A

Pior seca do sertão do NE em 50 anos põe 1.297 cidades em emergência

População enfrenta problemas de abastecimento e morte de gados.

do R7

O produtor rural José Barbosa, morador da cidade de Itaiba, sertão de Pernambuco, tem 65 anos e diz nunca ter visto uma seca tão agressiva quanto a que vive este ano. Ele afirma que perdeu 80% da safra de milho, feijão e fava, esperados para a época de colheita. Ao todo, o Nordeste tem 1.297 cidades em situação de emergência e mais de 10 milhões de pessoas afetadas com a falta de chuva. O sertão da região enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

— Ainda não vimos cair um pingo-d’água do céu este ano. Não tem água nem para beber. O gado que tinha aqui na cidade morreu de fome ou de sede. Só chega água por carro-pipa, mas temos que pagar caro por isso.

De acordo com dados do Ministério da Integração Nacional, atualmente são 1.428 municípios do norte de Minas Gerais e região Nordeste reconhecidos pela Defesa Civil Nacional como em estado de emergência pela estiagem, o que afeta 10,6 milhões de pessoas.

A Bahia concentra o maior número de cidades em emergência, sendo 277. Em seguida, Pernambuco, com 203, depois Piauí, com 199. Seguidos de Alagoas (53), Ceará (178), Maranhão (71), Minas Gerais (131), Pernambuco (130), Rio Grande do Norte (150) e Sergipe (36).

A agricultura e a produção de gado sofreram grandes impactos com o clima, além da falta de abastecimento de água para a própria população. Em grande parte das cidades, a ajuda só chega por caminhão pipa e nem sempre é de graça.

Segundo o Inmet, o verão é considerado o período chuvoso que abastece os reservatórios do País. Como choveu bem abaixo do esperado, o ano todo fica comprometido. Os prejuízos dessa seca só podem ser recuperados no próximo verão, caso a expectativa seja de chuva dentro do esperado. O instituto ainda não tem previsão se choverá o suficiente para diminuir a seca.

O produtor rural José Barbosa e muitos que viviam do que plantavam precisam de ajuda do governo para sobreviver. Os fazendeiros que comprovarem que tiveram perdas com a seca recebem um seguro agrícola que chega a R$ 1.240,00, pago em parcelas que variam de R$ 135 a R$ 140 por mês. O governo informou que 769 mil agricultores já sacaram o valor.

Famílias de baixa renda que vivem em áreas afetadas pela seca podem receber R$ 80 por mês em um cartão, pelo programa Bolsa Família.

O Exército coordena a circulação de 7.552 veículos carro-pipa, em 730 municípios. No entanto, a população diz que o serviço não é suficiente e chega apenas uma vez por semana. José Barbosa diz que famílias que vivem em locais mais afastados precisam andar muito para conseguir água.

— Quem mora no centro ainda consegue se virar, mas quem vive mais afastado anda quilômetros para conseguir um pouco de água. A coisa é triste de se ver. Aqui é uma terra boa, tem um povo bom para trabalhar com plantação, mas falta água. Se não tem água nem para beber, pode-se dizer que falta tudo na nossa vida.

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