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Cidades Terça-feira, 25 de Novembro de 2014, 10:20 - A | A

Terça-feira, 25 de Novembro de 2014, 10h:20 - A | A

Número de automóveis no país deve quadruplicar até 2050

Serão 130 milhões de veículos, segundo projeção do Plano Nacional de Energia

O Globo

O número de automóveis no país vai quase quadruplicar até 2050, segundo previsão oficial do Ministério de Minas e Energia. Essa projeção foi incluída no Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, que vem sendo debatido entre governo e sociedade. De acordo com o PNE, a frota de veículos leves deverá saltar de 36 milhões em 2013 para 130 milhões em 2050.

O governo argumenta que essa projeção tem bases realistas, porque aproximaria o número de carros por habitante dos níveis de países desenvolvidos, como Espanha e Alemanha. Nessa linha, o Brasil deixaria de ter cinco habitantes por carro em 2012 para passar a ter quase um carro para cada dois habitantes em 2050.

— Chegaremos à realidade de países europeus, em termos de motorização. Não é nada fora da realidade, é bem pragmático até — disse Ricardo Gorini, superintendente de estudos econômicos e energéticos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), autora do PNE 2050.

Técnicos do governo reconhecem que essa expansão exigirá grandes desafios na infraestrutura urbana, mas apontam também que, dependendo da evolução do transporte público, o aumento do número de carros pode não ser acompanhado pela sua intensidade de uso. Ou seja, mais pessoas poderiam ter carros, mas apenas para uso eventual ou lazer, não para a locomoção diária.

“Ressalta-se que, apesar do expressivo crescimento da frota de veículos leves, o aumento da participação desse modal na matriz de transporte de passageiros cresce menos de 2 pontos percentuais (para 55% em 2050), em virtude das melhorias do transporte urbano e da menor quilometragem média dos veículos leves”, explica o relatório do PNE 2050 que foi apresentado para discussão pública.

GASTO DE COMBUSTÍVEL VAI DOBRAR

Marcos Bicalho, diretor da Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU), acredita que o brasileiro passará a usar os isautomóvel de maneira mais racional no futuro, mesmo que tenha maior acesso a eles. Ele avalia que, com uma melhor qualidade dos serviços públicos de transporte, num horizonte mais longo, os governos tenderão a adotar medidas de restrição ao uso do veículo próprio, como pedágios urbanos. Estacionamentos também ficariam mais caros.

— Se você investe na melhor qualidade do transporte público, o cidadão passa a poder escolher como se locomove. No mundo todo, as pessoas não usam veículos próprios para deslocamentos do dia a dia, e sim transporte público — disse Bicalho.

A EPE prevê, ainda, que o uso da gasolina e do etanol atingirá seu ápice nas próximas décadas, mas que, em 2050, todos os automóveis novos vendidos no país serão abastecidos por energia elétrica ou, pelo menos, híbridos, funcionando com eletricidade e outra fonte derivada do petróleo. Na previsão da EPE, a partir da década de 2040, com a melhoria de eficiência, o consumo de combustíveis leves será reduzido. Mesmo assim, estima-se que ele dobrará em 30 anos.

“A expansão da frota de veículos leves no Brasil nas próximas décadas traz um grande desafio no que se refere a impacto ambiental, nomeadamente o aumento de emissões de gases do efeito estufa, além de questões relacionadas à mobilidade urbana”, segundo o PNE 2050.

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