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Cidades Domingo, 17 de Novembro de 2024, 11:52 - A | A

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SUPERAÇÃO

Mulheres vencem o câncer de mama e redescobrem a maternidade; amamentar após o câncer é possível

A vitória dessas mulheres exemplifica a força da resiliência e a importância do acesso a tratamentos completos e inclusivos

Redação VGN

A vida da empresária Priscila Neres, 39 anos, moradora de Chapada dos Guimarães, a 80 km de Cuiabá, mudou radicalmente em 2013, quando, aos 29 anos, percebeu um caroço no seio esquerdo. Durante as festividades de fim de ano, o sinal passou despercebido, mas, em maio de 2014, incentivada por sua esteticista, Priscila procurou atendimento médico. O diagnóstico foi impactante: câncer de mama em estágio avançado.

Ela relembra emocionada: “Após o diagnóstico, o médico me disse: ‘O seu primeiro tratamento será tirar da sua vida tudo que não te faz feliz’. Isso me fez refletir sobre meu casamento de 11 anos e meu emprego, onde eu não era feliz.” Esse foi um momento de ruptura e de renascimento para Priscila, que encontrou forças para recomeçar.

Priscila enfrentou quimioterapia, perdeu os cabelos e precisou realizar uma mastectomia total. O tratamento foi bem-sucedido, e ela pôde realizar a reconstrução mamária – um direito garantido, inclusive pelo SUS, por não se tratar de uma cirurgia estética. Após sua recuperação, conheceu o atual marido, com quem está casada há quatro anos. Aos 36 anos, engravidou de seu primeiro filho, João, e, para sua surpresa, conseguiu amamentá-lo. “Eu achei que não poderia engravidar, quanto mais amamentar. Mas quando meu filho nasceu, a enfermeira insistiu para eu tentar. Foi instantâneo e emocionante poder ser mãe e dar de mamar”, conta. Hoje, João tem 2 anos e 4 meses, uma criança saudável e símbolo de sua vitória contra o câncer.

A história de Patrícia Rodrigues da Silva, 40 anos, também é inspiradora. Aos 31 anos, ela sentiu um nódulo abaixo da axila e, após consulta médica e exames, foi diagnosticada com câncer de mama. Seu tratamento incluiu a retirada de parte do seio, mas ela adiou a reconstrução mamária. Após a cura, Patrícia engravidou e, em 2023, tornou-se mãe. Apesar das dúvidas, conseguiu amamentar sua filha, que hoje tem 1 ano e 8 meses. A amamentação tornou-se um momento de cura emocional para Patrícia, que, assim como Priscila, venceu o câncer e experimentou o milagre da maternidade após a doença.

O médico Wilson Garcia, especialista em mastologia e reconstrução mamária, destaca a importância do diagnóstico precoce. “A mamografia, disponível pelo SUS, em planos de saúde e redes privadas, é essencial. O diagnóstico precoce, que detecta lesões menores que um grão de arroz, aumenta as chances de cura para até 95%. Já em estágios avançados, essa chance cai para apenas 5%”, explicou.

Ele também esclarece que a reconstrução mamária é um procedimento reparador, e não estético. “O objetivo é reparar os danos causados pelo câncer, restaurando a aparência das mamas e contribuindo para a autoestima da mulher. É um direito garantido, inclusive pelo SUS, mesmo anos após a cura.” Segundo o especialista, as técnicas atuais são menos invasivas e preservam mais tecidos, o que facilita a recuperação das pacientes.

Wilson reforça que mulheres que tiveram câncer de mama podem, sim, amamentar após o tratamento. “A amamentação traz inúmeros benefícios tanto para a saúde da mãe quanto do bebê, além de reduzir o risco de recorrência do câncer”, afirmou.

Ele também alerta para a importância de um estilo de vida saudável na prevenção de diversos tipos de câncer. “Cerca de 30% dos casos podem ser evitados com hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e controle do consumo de álcool e cigarro. Uma dieta rica em alimentos processados aumenta o risco de câncer, enquanto priorizar carnes brancas e evitar o sobrepeso são cuidados recomendados”, destacou.

O câncer de mama, que lidera as estatísticas entre mulheres no mundo, é seguido pelos cânceres de colo de útero, intestino grosso (cólon e reto) e pele. Para mulheres com histórico familiar da doença, o especialista recomenda acompanhamento rigoroso e exames genéticos. “Apenas de 5% a 10% dos casos de câncer são genéticos, mas o rastreamento regular é essencial para quem tem histórico familiar, pois esse grupo está em maior risco”, explicou.

As histórias de Priscila e Patrícia mostram que é possível renascer após o câncer e que a maternidade e a amamentação podem ser uma realidade, oferecendo esperança a outras mulheres. A vitória dessas mulheres exemplifica a força da resiliência e a importância do acesso a tratamentos completos e inclusivos. (Com assessoria).

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