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Cidades Domingo, 28 de Abril de 2024, 08:30 - A | A

Domingo, 28 de Abril de 2024, 08h:30 - A | A

Cuiabá e VG

Motoristas de APP e motoboys reivindicam melhores condições de trabalho e contestam nova regulamentação

Os motoristas de APP também reclamaram das plataformas por não informarem áreas consideradas de risco

Adriana Assunção & Angelica Gomes/VGN

Motoristas e entregadores de aplicativos, incluindo os que atuam com motos e carros, enfrentam diversas dificuldades em Cuiabá e Várzea Grande. Esses profissionais compartilharam com o , os principais desafios de sua rotina, destacando a insegurança como a maior preocupação.

Recentemente, a violência resultou na morte dos motoristas Nilson Nogueira, Elizeu Rosa e Márcio Rogério, entre os dias 11 e 14 de abril. Além da violência, eles sofrem com condições de trabalho inadequadas, como a falta de banheiros, bebedouros, pontos de descanso e de recarga para celulares. Outras queixas incluem a educação no trânsito, a conduta dos passageiros, multas excessivas e as políticas das plataformas de serviço.

Arno Adolfo de Arruda Pinto, ex-chefe de cozinha e atualmente motoboy, relatou em entrevista ao que, apesar da precariedade na segurança pública, precisa trabalhar mais de 12 horas diárias para sustentar sua família. Ele ressaltou a urgência de ter acesso a banheiros, citando problemas de saúde decorrentes da atual situação, como pedras nos rins e diabetes, prevalentes entre 80% dos motoristas devido à desidratação e retenção urinária prolongada.

Arno também criticou as plataformas por não identificarem áreas de risco, enviando os profissionais para qualquer localidade sem considerar a segurança. Além disso, ele mencionou conflitos frequentes entre clientes e entregadores, muitas vezes agravados por atrasos nos restaurantes, o que acaba sobrecarregando os motoboys.

“Não podemos entrar em alguns restaurantes para pedir banheiro. Ou vamos ao shopping, ou vamos posto de gasolina, não temos alternativas. Senão passamos o dia todo com pedra no rim. Muitos têm diabetes e 80% dos motoristas de aplicativos tem problema renal por falta de beber água, falta de fazer xixi”, relatou o profissional.

Ele queixou da falta de respeito. “Eles não tem respeito conosco, nos enviam para qualquer lugar, se é área de risco – manda assim mesmo -. E muitas vezes em nossa ansiedade para conseguir o dinheiro entramos nesses locais.”

João Gabriel, outro motorista, pediu a instalação de bebedouros e pontos de luz para carregar celulares, destacando a necessidade de apoio do poder público para que os trabalhadores possam gerar renda de forma digna e independente.

Kiko dos Guerreiros, presidente da Associação dos Guerreiros de Aplicativos, informou que a criação de pontos de apoio com infraestrutura básica, como banheiros e áreas de descanso, está sendo discutida. Isso se segue ao anúncio de uma emenda parlamentar de R$ 300 mil pelo deputado federal Abilio Brunini (PL), destinada a melhorar as condições de trabalho desses profissionais. “Vamos ter um lugar para ir ao banheiro, um lugar na sombra para se refrescar, tomar água gelada, uma tomada para carregar celular.”

Em contrapartida, existe uma forte resistência à regulamentação da categoria proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo Kiko, a proposta parece focar mais na tributação dos profissionais sem oferecer benefícios adequados, uma preocupação também compartilhada por Wilson Willian, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos.

Willian argumenta que a regulamentação, como está sendo proposta, favorece as empresas em detrimento dos motoristas e entregadores, impondo obrigações trabalhistas inadequadas para a natureza autônoma do trabalho. “Essa regulamentação não favorece os motoboys, prejudica muito. Você diz que eles são autônomos, mas traz a eles obrigações trabalhistas, como cumprimento de horário. Precisa discutir muito. A alternativa seria elaborar um projeto melhor, não tão as pressas como está. Do jeito que estão fazendo favorecem as empresas e não a categoria dos motoristas de aplicativos, que são os motoboys”, manifestou.

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