O motorista de aplicativo, Herlon Bezerra, 41 anos, viveu mais de 1 ano sob investigação pelo crime de tráfico de drogas, associação criminosa e corrupção de menor, após uma adolescente de 15 anos solicitar uma corrida e transportar mais 40 kg de maconha em seu veículo. Herlon ficou três meses preso e perdeu seu carro por não ter como trabalhar e pagar as parcelas.
Nesta sexta-feira (22.09), ele foi absolvido pela juíza, Ana Helena Alves Porcel Ronkoski, após ter sido comprovado que ele não teve envolvimento no crime.
O caso aconteceu em junho de 2022, quando Herlon aceitou uma corrida em Cuiabá, com destino a Nova Mutum. Segundo ele, o aplicativo cobrou um valor de R$ 600,00 para levar a adolescente de 15 anos para o município. Em Nova Mutum, o veículo foi abordado pela Polícia Civil, que teria recebido a informação de um transporte de drogas.
De acordo com o boletim de ocorrência, foram encontrados cerca de 42 kg de maconha no banco traseiro do veículo. A adolescente disse que pegou a droga em Cuiabá e entregaria em Nova Mutum, para outra adolescente. Na época, na casa desta menor foram localizados porções de drogas e apetrechos ilícitos do mundo do tráfico.
O motorista de aplicativo foi preso sob acusação de envolvimento no esquema criminoso e as menores foram apreendidas. Segundo Herlon, ele ficou 12 dias na delegacia de Nova Mutum, foi transferido para Lucas do Rio Verde e Sinop, onde ficou um mês preso, até conseguir ser transferido para um presídio em Cuiabá.
Ele relatou que conviveu com detentos de alta periculosidade, mesmo tendo pedido para ser transferido para ala evangélica e para um setor de não fumantes, visto que ele não tinha vício. No entanto, o pedido não foi acatado pois os diretores alegaram que ele teria cometido um crime que era considerado de alta periculosidade.
Durante as investigações foi constato que Herlon não sabia que a menor teria entrado em seu veículo com as drogas, assim como ficou comprovado que antes do fato, o motorista pegou Covid-19 e ficou internado cerca de 30 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e perdeu o olfato, ficando com sequelas, impossibilitando de sentir o odor da maconha.
Além disso, a defesa alegou que não havia como o motorista saber que a menina estava com entorpecentes, visto que elas estavam embaladas e no banco traseiro do veículo, sem qualquer indício de irregularidade.
Herlon contou que trabalhou como motorista de aplicativo há mais de cinco anos e após a situação, não teve mais como trabalhar com transporte de passageiros, visto que perdeu seu carro, sem saída, ele começou trabalhar como motociclista, realizando entregas de aplicativos.
Conforme ele, o período de investigação foi um pesadelo, onde ele se sentiu muito constrangido durante todo o processo, pois até conseguir provar sua inocência, muitos colegas de trabalho, amigos e até familiares desconfiaram da sua índole.
“Muito sofrimento passar por isso. Ficar preso sendo inocente, sem saber de nada e ainda perdi meu carro, porque como iria pagar estando preso. Estou até aliviado. Cada abordagem da polícia tinha medo de voltar para lá” desabafou Herlon.
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