Depois de pagar pela construção, o estado de Mato Grosso ainda deverá desembolsar até R$ 30 milhões por ano para a manutenção das obras de mobilidade urbana e do estádio Arena Pantanal. O cálculo se baseia em estudo sobre a qualidade de 13 das obras de mobilidade executadas ou em andamento na Grande Cuiabá, levantamento que, com base em experiências internacionais, sugere que o poder público reserve ao menos 1% do valor inicial de cada obra por ano para garantir a vida útil dos empreendimentos por pelo menos 100 anos cada.
De acordo com o secretário de estado de Cidades, Eduardo Chiletto, seguindo este raciocínio estado necessitará reservar de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões por ano, visto que o conjunto dos contratos de obras da Copa do Mundo na Grande Cuiabá (incluindo a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos) soma pouco mais de R$ 2,4 bilhões.
Chiletto explicou que as obras devem passar por inspeções visuais a cada seis meses e por inspeções mais complexas e aprofundadas a cada dois anos. Por isso, este é o tempo mínimo que o estado tem para se preparar e prever o montante de até R$ 30 milhões por ano em seu orçamento.
“Não significa que no próximo ano eu tenha de ter de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões, mas dentro do PPA [Plano Plurianual, instrumento de planejamento do estado para perídoos de quatro anos] eu preciso ter um recurso para que eu possa fazer esse aporte em torno de R$ 40 milhões”, esclareceu.
Relatório de qualidade
A necessidade de manutenção nas obras da Copa em Cuiabá é um dos principais alertas do relatório sobre a qualidade dos serviços de engenharia em 13 obras divulgado nesta quinta-feira (28).
O relatório foi encomendado mediante dispensa de licitação e entregue ao estado ainda na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), mas só agora seu conteúdo foi integralmente divulgado.
O estudo abrange as obras de duplicação da Ponte Júlio Müller (entre Cuiabá e Várzea Grande), de construção do Complexo Viário do Tijucal, de cinco trincheiras (do Santa Rosa, da Ciríaco Cândia, do Zero Quilômetro, do Verdão e Jurumirim) e de seis viadutos (do Despraiado, da UFMT, da MT-040, Dom Orlando Chaves, do Aeroporto e da Sefaz). A íntegra do estudo está disponível no site do governo do estado.
Segundo o engenheiro e doutor em estruturas Pedro Afonso de Oliveira Almeida, diretor da empresa Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE), contratada para o estudo, as obras de mobilidade urbana iniciadas na Grande Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014, como trincheiras e viadutos, não apresentam problemas estruturais e possuem qualidade até superior à média de construções similares em outras regiões do país, mas possuem falhas de projeto e de execução que podem acarretar problemas de corrosão.
Inconformidades
“A nível de Brasil, eu diria que vocês estão acima da média em termos de qualidade. Eu não encontrei nada absolutamente preocupante”, enfatizou Almeida após apresentar a íntegra do levantamento à imprensa.
Ele minimizou a má impressão causada pelas infiltrações em profusão vistas diariamente por motoristas da Grande Cuiabá em obras como as trincheiras Jurumirim, do Santa Rosa e do Zero Quiômetro.
“As infiltrações existem no Brasil, em Mato Grosso, Cuiabá, São Paulo, Brasília, Fortaleza. Todas tiveram problemas. Obras de interação solo-estrutura têm esses problemas. Eu não vi – repito – nenhum risco iminente de desabamento, nenhuma obra com severidade aqui”, insistiu.
Segundo ele e conforme o relatório, nenhuma das obras apresentou durante os experimentos e análises de cálculo qualquer risco estrutural (de desabamento), de modo que a preocupação gerada por problemas como as infiltrações diz respeito à durabilidade das construções.
Estas inconformidades, entretanto, deverão ser sanadas, segundo o secretário Chiletto. Ele informou que o governo pretende retomar e entregar ainda este ano 13 obras da Copa atualmente paralisadas e, naquelas em que a empresa LSE tiver apontado falhas de execução, a correção será exigida das empreiteiras. “Não vamos receber obras com os problemas que nós encontramos”, assegurou.
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