Após o encontro “Todos por Várzea Grande” realizado por iniciativa dos empresários com o apoio de deputados da baixada cuiabana e com a presença do governador Pedro Taques (PDT), nessa quinta-feira (16.04), a reportagem do VG Notícias conversou com o secretário municipal de Saúde, o médico Daoud Abdallah que fez um relato que pode explicar o caos e os problemas da saúde na cidade.
Segundo o médico, quando foi convidado para assumir a Secretaria pelo prefeito Wallace Guimarães (PMDB) consultou o amigo coronel Eumar Novack, assessor do senador Blairo Maggi (PR) e foi incentivado a aceitar o convite e pretendia impor uma administração técnica à pasta.
No entanto, para aceitar a função, Daoud fez uma única exigência ao prefeito, que ele não queria Edson Vieira da Saúde, o qual ele se referiu como “Edson Gordo” e foi acatado prontamente por Walace, que na oportunidade transferiu Edson para outra função na administração municipal.
O médico começou a organizar sua equipe, e trouxe uma advogada de confiança, que teria estudado com sua esposa, e desde então tem tido muito trabalho na parte burocrática porque estranhamente os documentos e processos desapareciam sem explicação o que atrapalhou muito os primeiros dias a frente da saúde.
Conforme Daoud, passados os meses, ele percebeu que a esposa do prefeito, a médica Jaqueline Guimarães continuava a despachar dentro do Pronto-Socorro e que interferia em todas as suas decisões. Por conta disso, ele chegou a pensar em entregar o cargo, mas com receio de ser responsabilizado pelos atos que teriam sido praticados por “Jaqueline e Edson Gordo” o teriam antecedido na função de secretário de saúde, ou ser taxado de incompetente e preferiu permanecer no cargo.
Logo após ter pensado em deixar o cargo veio à campanha eleitoral e o prefeito o chamou e pediu que apoiasse a reeleição de Emanuel Pinheiro (PR) a deputado estadual, oportunidade em que Walace Guimarães teria garantido que após a eleição para governo do Estado as coisas mudariam e ele teria mais autonomia com menos interferência da primeira-dama e de Edson em sua gestão, o que ele acreditou que seria possível e fez campanha para Emanuel Pinheiro.
No entanto, depois do processo eleitoral, as coisas não teriam mudado e Daoud Abdallah afirma que sofre diariamente pelo não atendimento de suas determinações a subordinados que recebem contraordem da primeira dama e de Edson Vieira, que é muito próximo do prefeito e por isso os servidores do Pronto-Socorro atendem por medo de retaliações.
No tocante as compras efetuadas pela Secretaria de Saúde, Daoud disse que não consegue fazer todas as aquisições de medicamentos e equipamentos da forma que gostaria por ingerência de outras pessoas (ao que tudo indica Jaqueline e Edson) e que a maioria das empresas fornecedoras de produtos para a Prefeitura são empresas de pastas.
Outro fator que está dificultando a gestão na Saúde é a insegurança que vive a administração diante da possível cassação do mandato do prefeito por parte da Judicial Eleitoral. “Ninguém tem segurança em negociar com a Prefeitura neste momento”.
Apesar de todas as queixas, Daoud disse que tem conseguido implantar algumas ações, que podem melhorar a saúde e citou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a empresa MRV Construtora para equipar a UPA do Bairro Ipase. Ele disse ainda vai conseguir baratear a compra dos equipamentos porque ele mesmo está cuidando das aquisições é que será a UPA mais barata do Brasil.
O secretário também desabafou sobre a escassez de recursos repassados pelo governo do Estado para a saúde de Várzea Grande. Segundo ele, o discurso do governador Taques em relação ao valor repassado - determinado por lei aprovada na Assembleia Legislativa, na gestão anterior – foi direcionado ao prefeito.
De acordo com o secretário, embora a maioria das pessoas presentes no encontro “Todos por Várzea Grande” não entenderam que Taques se dirigiu ao prefeito Wallace Guimarães (PMDB) que na época era deputado e presidente da comissão de saúde da Assembleia Legislativa e ajudou a aprovar o projeto diminuindo os recursos para os municípios, proposto pelo então governador Silval Barbosa, do mesmo partido do prefeito.
Antes da entrevista com Dauod, a reportagem VG Notícias indagou o prefeito Wallace Guimarães sobre a não aprovação da população a sua administração e ao seu secretariado.
O prefeito respondeu que junto com a reforma administrativa aprovada na Câmara Municipal virá uma reforma de secretariado, mas isso vai depender da sentença da justiça eleitoral que pode cassar ou mantê-lo no cargo, na ação de investigação judicial eleitoral, movida pelo DEM e pelo Ministério Público, por suposto caixa dois em campanha. O processo já está concluso a espera de sentença do juiz eleitoral José Luiz Leite Lindote.
Pelas declarações do secretário de Saúde, demonstram falta de sintonia na equipe do prefeito Walace.
Outro lado – A reportagem do VG Notícias entrou em contato com a primeira-dama, Jaqueline Guimarães para falar sobre as declarações de Daoud, ela agradeceu mas ela não quis se manifestar e desligou o celular.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).