A infectologista e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Márcia Hueb, afirmou nesta segunda-feira (07.12), em entrevista Rádio TRT FM (rádio institucional do Tribunal Regional do Trabalho), que o Brasil ainda não saiu da “primeira onda” do coronavírus (Covid-19) por não ter reduzido de forma acentuada o número de casos, e que a tendência é que ocorra aumento no número de infectados em Mato Grosso nos próximos dias por conta da “segunda onda” que está chegando nos Estados do Sudeste e Sul.
Segundo ela, essa chamada “segunda onda” do vírus vem ocorrendo nos país da Europa e nos Estados Unidos causando “situações mais preocupantes do que na primeira, mas não pela proporção de óbitos por doentes, mas sim pela disseminação acentuada de casos”.
No Brasil, conforme a infectologista, essa nova onda de contaminação está se interligando com a “primeira onda” que ainda não deixou de existir no país o que gera mais preocupação, e que isso pode refletir no aumento de casos em todo o país, principalmente em Mato Grosso.
“Não chegamos a ter uma redução tão acentuada para dizer que nós saímos da primeira onda. Nesse momento, talvez a gente esteja somando uma segunda onda a uma primeira que não deixou desistir. Isso vale já para algumas regiões como o Sul e Sudeste. No nosso caso, Mato Grosso, já sabemos que a tendência é de termos aumento de casos depois do aumento no Sudeste. Então temos que estar alertas porque os nossos casos podem estar aumentando. É de fato se olharmos a ocupação de leitos de terapia intensiva em hospitais privados, no Estado e principalmente em Cuiabá, já podemos observar esse aumento sim”, declarou Márcia Hueb.
A infectologista alertou que esta “nova onda” de contaminação pelo vírus está relacionada ao desrespeito das medidas de prevenção, principalmente o distanciamento social. Os desrespeitos das medidas, segundo a professora, vêm sendo causado na maioria dos casos por jovens que estão frequentando bares e festas.
“Nós já sabemos que grande parte dessa disseminação que se dá hoje nos países da Europa e nos Estados Unidos, e agora começa também no Brasil, ela se deve à presença dos jovens em muitos eventos e situações que levam a ter uma aglomeração de pessoas. Então essa frequência em bares e restaurantes e mais ainda em festas, muitas vezes em shows inclusive, são de alto risco de transmissão. Mesmo quando ao ar livre porque a proteção potencial de estarmos em ambiente aberto se perde quando estamos próximos, não mantendo o distanciamento e mais ainda se estivermos sem máscara. Nós não podemos nos enganar”, alertou a infectologista, ao relatar que nestes locais a tendência é que as pessoas não utilizam máscaras para consumir os produtos no local.
Ela ainda acrescentou: “O jovem deve estar alerta, primeiramente porque essa situação é de risco, que ele deve evitar ao máximo. Segundo ele que pode estar levando para dentro da sua casa o vírus e ali pode ter pessoas que se contaminem e elas possam desenvolverem uma doença grave. E terceiro que ele mesmo também está em risco de desenvolver uma doença mais grave. Nós temos muitos exemplos próximos e distantes, estatísticas, que jovens desenvolvem doença grave e evoluem inclusive com o óbito. Então consciência deve ser de toda a sociedade, não importa a faixa de idade que estejamos”.
Importante destacar que Márcia Hueb atua no Hospital Júlio Müller em Cuiabá – unidade de referência em Mato Grosso no atendimento dos casos graves do novo coronavírus.
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