Dezesseis unidades de conservação de Mato Grosso já foram atingidas por incêndios florestais nos últimos 10 meses, sendo a maioria deles atos criminosos, segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
As últimas queimadas foram registradas no início deste mês em dois parques localizados em Cuiabá: Zé Bolo Flô, no Coxipó, e Massairo Okamura, próximo ao Centro Político Administrativo. No caso deste último, quase dois hectares foram consumidos pelo fogo, de acordo com o estado.
Segundo a Sema, apesar do fim do período proibitivo das queimadas nas zonas rurais, o ato é considerado crime durante todo o ano nas áreas urbanas, passível de prisão por período que varia de seis meses a quatro anos, além de multa de aproximadamente R$ 5 mil por hectare.
De acordo com o coordenador de Unidades de Conservação da Sema, Alexandre Batistella, praticamente 98% das queimadas registradas têm probabilidade de serem frutos de atos criminosos.
“Nesse período do ano, incêndios ocasionados de forma natural seriam causados por raios, o que é impossível diante dos últimos meses. Mesmo que a pessoa não tenha a intenção de atingir a unidade, se o que estava fazendo resultou no incêndio por inconsequência, o ato se torna criminoso”, afirmou.
Batistella ressaltou que as áreas atingidas são estratégicas para conservação exatamente pela grande biodiversidade que possuem e que perícias estão sendo feitas pelo Batalhão de Acidentes Ambientais na tentativa de identificar os infratores.
“Nessas áreas, temos um depósito de vida, de elementos que podem ser usados para criação de medicamentos, geração de estruturas, e tudo isso é perdido, consumido pelo fogo. Sem contar os danos à saúde. No grande incêndio que ouve na gruta da Lagoa Azul, a população das comunidades de Bom Jardim e Roda D'Água ficaram debaixo de fumaça por cinco dias”, disse.
Nos casos dos incêndios registrados nos parques da capital, o coordenador afirmou que todos tem características de serem criminosos.
“No caso do Zé Bolo Flô, achamos que as duas ocorrências foram iniciadas por usuários de drogas, que atearam fogo da rua para dentro do parque. No caso do Massairo Okamura, foram quase três hectares destruídos. Tratam-se de locais que funcionam cono ilhas de vegetação para melhorar o clima e, com o incêndio, apenas complicam ainda mais a saúde”, afirmou.
Áreas atingidas
Além da Capital, o interior do estado também teve áreas de conservação atingidas por incêndios criminosos: Serra de Santa Barbara, localizado entre as cidades de Porto Esperidião e Pontes e Lacerda (450 e 469 km de Cuiabá); Serra de Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade (521,7 km da capital); Gruta da Lagoa Azul, em Nobres (124 km de Cuiabá), que teve 25% da área queimada; Araguaia, em Novo Santo Antônio (941,8 km da capital); Cristalino, situado entre os municípios de Alta Floresta, Guarantã do Norte e Novo Mundo, (todos a 800 km da capital); Águas de Cuiabá, em Nobres (125 km da capital); e Encontro das Águas, entre Poconé e Barão de Melgaço (a quase 130 km da capital).
O entorno das áreas do Parque Estadual Serra Azul e do Monumento Morro de Santo Antônio também foram alvo de queimadas, bem como as Áreas de Proteção Ambiental (APA) Cabeceiras do Rio Cuiabá, entre Rosário Oeste, Nobres, Nova Brasilândia (cerca de 200 km da capital); Salto Magessi, no Rio Teles Pires, entre as cidades de Sorriso e Santa Rita do Trivelato (390 km da capital); Chapada dos Guimarães, que teve 11,4% da área queimada (a 64 km de Cuiabá); e as nascentes do Paraguai, onde o fogo atingiu 8,4% da área, entre os municípios de Alto Paraguai e Diamantino (190 km da capital).
A única Reserva Extrativista que entrou na lista foi a da Guariba Roosevelt, situado em Colniza ( 1.065 km de Cuiabá).
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