O trabalhador rural Elias da Silva Sampaio vive, há 23 dias, com um pedaço de ferro dentro do olho esquerdo. Ele se machucou quando roçava o assentamento onde mora, em Santo Antônio do Leverger, a 35 km de Cuiabá. O trabalhador precisa de uma cirurgia de urgência para não perder a visão, mas o procedimento é caro e ele não tem previsão de quando irá conseguir uma vaga pela rede pública de saúde.
“Sinto muita dor e, para dormir, só na base do remédio. Eu até consigo abrir o olho, mas dói demais, está muito irritado”, disse.
Segundo Elias, quando o acidente ocorreu, ele se encaminhou ao Pronto-Socorro de Várzea Grande. No entanto, nada foi encontrado em seu olho e ele foi encaminhado para casa. Com a ajuda da família, ele conseguiu pagar por uma consulta particular, quando foi informado da gravidade do seu caso.
De acordo com os médicos, o pedaço de metal deveria ter sido retirado em até 24 horas e, devido a demora em solucionar o problema, Elias corre o risco de não enxergar mais com o olho esquerdo. O trabalhador chegou a procurar ajuda na Policlínica do Planalto e no Hospital Júlio Müller, em Cuiabá, sem sucesso. Neste último, o problema seria a falta de uma pinça para a realização do procedimento.
A família procurou, então, a ajuda da Defensoria Pública, na tentativa de conseguir uma liminar que obrigue o estado a pagar a cirurgia, que custa cerca de R$ 13 mil. No entanto, segundo a irmã de Elias, Iva Sampaio, a primeira audiência está marcada para o dia 8 de março. “Para ele, que já está parcialmente cego, é muito tempo de espera”, lamentou.
Cirurgia delicada
Segundo o superintendente do Hospital Júlio Müller, Francisco Dutra Souto, o caso de Elias é delicado e o procedimento não serviria apenas para a retirada do pedaço de metal, mas também demandaria consertar o ferimento causado pelo corpo estranho no olho do trabalhador.
“Esse paciente precisa de uma cirurgia chamada vitrectomia, que é uma cirurgia extremamente complexa, específica, delicada, e que não é realizada na rede pública do estado de mato grosso até o momento. Nós passamos o ano de 2015 todo nos preparando para poder fazer essa cirurgia”, disse o superintendente.
A cirurgia aguardada por Elias deve começar a ser feita no Hospital Júlio Müller a partir da semana que vem. Porém, o trabalhador precisa ser encaminhado para o procedimento pela Central de Regulação de Cuiabá. Porém, já existe uma fila de espera de 93 pacientes aguardando pela vitrectomia.
“Era uma cirurgia que era para ser feita em até 24 horas e nós temos que ir lá todo dia implorar para ver se um dia eles fazem. A família toda está preocupada porque a situação dele é gravíssima”, disse Erivaldo Rocha, cunhado de Elias.
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