O processo de estudo técnico da Secretaria de Educação de Mato Grosso (Seduc-MT) para transformar a escola estadual Professora Adalgisa de Barros, em Várzea Grande, em uma nova unidade com gestão militar será discutida em audiência pública nesta quinta-feira (1º.12), às 19 horas, na unidade estadual.
A possibilidade, ainda em fase de estudo e discussão, é questionada pela comunidade escolar, em razão da unidade apresentar uma gestão que atende as expectativas com melhores Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ao , o diretor João Batista Lemos da Silva Penha, diretor há 4 anos, mas servidor da unidade há 27 anos, disse que “não vê necessidade de gestão compartilhada numa gestão que funciona.”
Não concordo, não vejo necessidade de gestão compartilhada numa gestão que funciona.
Segundo o diretor, não há índice de indisciplina e nem de insegurança na unidade, que justifique a proposta.
“Não temos casos de violência, furtos e depredação de patrimônio. A escola não tem problema com gestão, fomos elogiados em relação a isso, prestação de contas em dia, Ideb ok. Todas as demandas sendo prontamente atendidas. O importante é que a comunidade vai ser ouvida e vai poder opinar e optar”, destacou o diretor.
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Para o diretor, essa mudança que começou ser discutida com a direção no início de novembro, ou seja, "a toque de caixa", poderá alterar todo planejamento da escola. Isso porque, a escola Adalgisa de Barros atende um total de 1409 alunos do ensino médio, mais 195 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) - que vieram da Escola Estadual Licínio Monteiro da Silva fechada em razão do redimensionamento da Seduc-MT – e, 30 alunos do Projeto Imigrantes, que atende venezuelanos e haitianos.
“As matrículas já estão feitas, mais de mil matrículas realizadas e estamos aguardando alunos do nono ano da região. Estamos com uma demanda enorme para o ano que vem, primeiro vem o pessoal do redimensionamento, no caso, Pedro Gardés e Jercy Jabob, além de três turmas no Licínio Monteiro. Vamos receber mais de 350 alunos do Pedro Gardés e do Jercy Jacob. Já temos lista da rede municipal, de escolas com o nono ano, que os alunos querem estudar aqui na escola. Os diretores também nos procuram para ver a possibilidade”, disse o diretor.
A estudante do 3º ano, Bianca Maria, de 19 anos, disse ao não ser contra o modelo militar, porém, defendeu que seja adotada em outra unidade que não tem estrutura.
“Tem outras escolas que precisam muito mais disso. Aqui na escola já tem estrutura, não precisa fazer uma escola militar aqui, tem outras escolas que necessitam muito mais, como, por exemplo, na região do Cristo Rei. Se eles realmente querem, deveria criar uma escola para eles. É como se fosse invadir nossa escola e acabar com toda a história de nossa escola”, criticou.
Ao , a Seduc-MT informou que “por enquanto, está na fase de estudo e discussão. Se a comunidade escolar e estudantil não aprovar, a mudança não acontece. Todo o processo tem como base a Lei 11.273/2020, do deputado estadual Silvio Favero (falecido)”, informou.
ESCOLAS MILITARIZADAS – Além do processo de matrícula, o diretor João Batista Lemos da Silva Penha alertou que o processo de militarização pode atrasar o processo de aprendizagem, considerando que os alunos deste ano já escolheram as Trilhas de Aprofundamento do Ensino Médio, que pretende ampliar a carga horária de aprendizado, linguagens, ciência da natureza, humanas e matemática.
“Os alunos daqui já escolheram, das escolas que vamos receber também escolheram em suas escolas as trilhas de aprofundamento. O que são trilhas de aprofundamento? A área que ele pretende ampliar a sua carga horária de aprendizado, linguagens, ciência da natureza, humanas, matemática, isso já foi escolhido. Montamos a turmas de 2023 conforme a escolha que esses alunos fizeram”, disse o diretor.
Ele também questionou se as unidades escolares distantes do centro têm condições de receber os alunos, que não aderirem à militarização. “Outra situação, caso à escola seja militar, o aluno poderá optar em sair daqui e os bairros, não tem estrutura para receber tanto aluno. Acredito que muitos não vão querer ficar. Será que o Estado tem estrutura para atender esses alunos? Penso que não tem, tanto é que eles estudam aqui porque não tem no bairro.”
Também foi apontado pelo diretor que na escola Adalgisa de Barros o uniforme é gratuito ou se o estudante optar ele pode adquirir um da escola por R$ 35. Já no modelo militar os pais deverão arcar com a compra de fardas a cada ano, entre eles, o orgânico – conjunto completo -, mais o jaleco, calça e a bermuda de educação física, bem como, um sapato social preto e tênis preto. Ato todo, o custo é de quase mil reais.
“Nossos alunos são da classe de trabalhadora, ficaria muito caro adquirir o uniforme. Aqui no Adalgisa, o aluno pode optar pelo uniforme da escola, vendido por R$ 35 e tem também o uniforme gratuito que a Secretaria mandou, muito utilizado pelos alunos. O Estado fornece uniformes aos alunos. Cada aluno ganhou duas camisetas, dois shorts, um tênis, a mochila e ainda deve vir mais uniformes. Acredito que na escola militar eles tem que pagar esse uniforme”, destacou o diretor.
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