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Cidades Quinta-feira, 31 de Agosto de 2023, 14:00 - A | A

Quinta-feira, 31 de Agosto de 2023, 14h:00 - A | A

ROMBO DE 400 MILHÕES

Auditoria aponta que ex-presidente da Unimed privilegiou hospitais e fez pagamento suspeito de 3,6 mi

Informações consta em balanço apresentado pela nova diretora da Unimed Cuiabá na última terça (29)

Lucione Nazareth & Edina Araújo/VGN

A situação do ex-presidente da Unimed Cuiabá, Rubens Carlos de Oliveira Júnior, ficou bem complicada após os números deixados por sua gestão e expostos durante assembleia-geral apresentada aos cooperados, na terça-feira (29.08).

Conforme os dados, Rubens de Oliveira teria beneficiado dois hospitais de Cuiabá, o Hospital São Judas Tadeu e o antigo Sotrauma, agora HBento, este último, descredenciado nessa quarta-feira (30).

Leia Mais - Auditoria detecta rombo de mais de R$ 400 milhões na Unimed Cuiabá; ex-presidente pode ser banido

Ainda, conforme documentos apresentados pela atual gestão, após uma auditoria, a Unimed exigia dos Hospitais Santa Rita [em Várzea Grande], Santa Helena, Hospital Geral e Hospital do Câncer [estes em Cuiabá], que concedessem 25% de descontos aos clientes do plano Unimed Fácil. Porém, aos Hospitais HBento e Hospital São Judas Tadeu, não houve a exigência de tais descontos – nos últimos dois anos foram privilegiados com pagamento integral.

A auditoria apontou que o Hospital HBento teria sido o maior beneficiado na gestão Rubens Carlos, e diante disso, foi descredenciado junto a Unimed. A direção da cooperativa informou que ainda está estudando o caso do Hospital São Judas Tadeu para saber quais medidas serão adotadas.

Na Assembleia Geral, a atual gestão da Unimed apontou que constatou gasto na ordem de R$ 3.691.575,00 milhões com a agência Coelho Inteligência e Propaganda Ltda, com sede na cidade de Itabira, em Minas Gerais, realizada pela antiga gestão. O balanço revelou que a empresa teria prestado serviço de assessoria e marketing na campanha de reeleição de Rubens Carlos, e ainda recebeu pagamentos sobre serviços à Unimed, porém, a nova gestão não encontrou documentos que comprovasse tais serviços referentes ao valor pago, sendo apontado como indícios de pagamentos ilegais.

Segundo o atual presidente da Unimed, Carlos Eduardo de Almeida, benefício concedido aos dois hospitais de Cuiabá, e o pagamento à agência de Minas Gerais, constam na lista de irregularidades da antiga gestão e que causou rombo de R$ 400 milhões a cooperativa.

Em vídeo enviado aos cooperados, Almeida disse que o rombo foi denunciado na Comissão Disciplina Cooperativista, na Unimed do Brasil à Federação das Unimeds, assim como foi protocolado notícia-crime junto ao Ministério Público Federal (MPF) sobre as irregularidades detectadas.

Ele explicou que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) exigiu da Unimed Cuiabá um “ativo garantidor” de R$ 150 milhões para que a cooperativa não sofresse uma “direção fiscal”. A direção da entidade informou que é necessário imediato pagamento parcial das perdas, e após analisar todas as possibilidades de fazer a capitalização do recurso, encontrou um único caminho “rateio do valor com todos os cooperados”.

“É necessário imediato pagamento parcial das perdas. Conseguimos junto às instituições parceiras a possibilidade do cooperado financiar o valor de seu rateio com juros negociados abaixo do mercado e prazos de até 36 meses para pagamento. Essa medida melhorará todos os indicadores financeiros, o que viabilizará a possibilidade da nossa Unimed pleitear um PLAEF junto à ANS, o que evitará uma direção fiscal. Destaco ainda que Unimed Cuiabá assumirá o custo dos juros desses financiamentos, em medida voltada para amenizar ainda mais a pesada herança que recebemos da gestão passada”, declarou o presidente da Unimed.

Ainda, segundo ele, aqueles que advogam, propõem ou incentivam qualquer outra forma de pagamento parcial das perdas, diferente daquela exigida pela ANS, prevista na lei e do Estatuto da Unimed, “age contra os interesses da cooperativa”, aumentando significativamente o risco de ela sofrer uma “direção fiscal ou até liquidação extrajudicial”.

“Essas medidas ao invés de aliviar a situação do cooperado e da cooperativa, certamente se agravará, impondo a todos nós a responsabilidade maior da aquela aprovada em AGE e com sérias consequências a toda saúde privada do nosso Estado”, frisou Carlos Eduardo.

Além disso, ele revelou que várias medidas já adotadas pela nova gestão da Unimed, sendo elas: refizeram todas as notas técnicas atuariais; parametrizamos o sistema de informação, revisão sobre a área de tecnologia; encerramento de vários contratos não adequados para a cooperativa; refez contratos em várias áreas, principalmente com os prestadores, entre outras medidas.

A auditoria também encontrou gastos de mais de meio milhão com comidas e bebidas para ex-diretora da Unimed. Um dos itens comprados, diz respeito ao vinho Gran Enemigo Agrelo que custou R$ 920,00 a garrafa, outro vinho Nicolás Catena Zapata, por R$ 990,00 a garrafa. Já para comer, consta da lista bacalhau mediterrâneo, torta de bacalhau etc.. para em evento em 26 de maio de 2022.

Outro problema grave encontrado diz respeito a apropriação indébita. A auditoria apontou também, que a Unimed fazia retenção do Imposto Sobre Serviços (ISS), dos cooperados e não recolhia à Prefeitura de Cuiabá.

A Unimed vinha sendo notificada pela Agência Nacional de Saúde (ANS) desde 2018, porém a ex-gestão desconsiderava todas as notificações da agência.

Outro Lado -   Aassessoria do ex-presidente da Unimed, emitiu nota ao , repudiando todas as denúncias de fraude contábil apontadas pela atual diretoria da cooperativa em Cuiabá. Conforme a nota, ele considera falsas as declarações lançadas, e que tem intuito apenas de manchar a imagem do profissional e abalar o processo sucessório. Confira nota na íntegra.

"O médico Rubens de Oliveira Junior, Diretor de Desenvolvimento de Mercado na Unimed do Brasil e Presidente da Federação Mato Grosso, repudia todas as denúncias de fraude contábil apontadas pela atual diretoria da cooperativa em Cuiabá. As falsas declarações foram lançadas apenas como forma de manchar a imagem do profissional e abalar o processo sucessório. Oliveira Júnior lamenta profundamente a situação criada e informa que todas as denúncias infundadas estão sendo juridicamente rebatidas e os autores serão responsabilizados. Informa ainda que os contratos são legais e que a chapa tem comprovante de pagamento das campanhas, diferentemente do que vem sendo anunciado".

O Hospital São Judas Tadeu encaminhou ao nota sobre o assunto. "O Hospital São Judas Tadeu esclarece que foi surpreendida com as informações apontadas pela auditoria contratada pela UNIMED e que foram apresentadas em assembleia geral aos cooperados. Em nenhum momento o hospital foi procurado para dar algum esclarecimento e, muito menos, teve acesso aos apontamentos. Importante ressaltar que o Hospital São Judas Tadeu sempre trabalhou com toda seriedade e transparência, pois são valores fundamentais para seus sócios e que são diariamente demonstrados aos pacientes. Por fim, o hospital informa que está à disposição para prestar qualquer esclarecimento à cooperativa e aos seus cooperados, com o intuito de restabelecer a verdade dos fatos", sic nota.

A reportagem do entrou com o Hospital HBento, no qual foi informado que a assessoria jurídica retornaria o contato para repassar as informações solicitadas, porém, até o fechamento não houve o citado retorno. O entrou em contato agência Coelho Inteligência e Propaganda Ltda, porém, até o fechamento não obteve sucesso. O espaço do segue aberto.

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