Após sete anos de luta, cerca de 250 famílias foram retiradas de suas casas, de uma área de 20 hectares, localizada entre os bairros Mapim e Jardim Esmeralda – nas proximidades da fábrica Coca-cola.
Segundo a presidente da Associação de Moradores do Jardim Esmeralda, Anaclesia Ferreira Machado, as famílias reivindicavam o local e pedia na justiça que fosse doada a eles, já que a área é ocupada por mais de sete anos e os moradores contribuíram para que a região diminuísse em números de violência urbana: como assaltos, tráfico de drogas e outros.
Os moradores alegavam que o local ocupado foi abandonado há cerca de 20 anos por uma madeireira que funcionava na cidade.
De acordo com a presidente, por volta das 01h da manhã desta sexta-feira (06.12), policiais militares chegaram ao local e bateram na porta dos moradores avisando para que eles desocupassem a área imediatamente. “Eles chegaram aterrorizando os moradores, falando que deveriam sair, senão as casas iriam ser derrubadas com eles dentro”, declarou Anaclesia.
Ainda segundo ela, por volta das 06h da manhã, as máquinas juntamente com os oficiais de justiça chegaram ao local e iniciaram a derrubada das casas, sendo que a liminar judicial que previa a saída dos moradores estabelecia o prazo de até 18h para os moradores deixarem a área.
“Eles não esperaram nem as pessoas tirarem os seus pertences e já foram derrubando tudo. Isso é triste porque muitas pessoas perderam o que conseguiram construir em uma vida. O que revolta ainda mais é saber que o Poder Público não fez nada para que isso fosse evitado”, desabafou a presidente da Associação.
Os moradores estiveram por diversas vezes na Prefeitura de Várzea Grande solicitando que o prefeito Walace Guimarães (PMDB) doasse a área para eles, mas apenas ouviram promessas do peemedebista, dizendo que eles não ficariam sem um lugar para morar.
Esteve presente na reintegração, a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, dois oficiais de justiça e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e quatro tratores (a serviço da Madeireira).
Outro Lado – O advogado da Madeireira, Jean Rafael Saches, disse que a ação de reintegração de posse estava sendo realizada de acordo com a lei e que todos os direitos das pessoas que se encontravam morando na área de forma ilegal foi respeitado. “As pessoas que moravam neste local de forma ilegal, tinham conhecimento que um dia isso iria acontecer e eles também foram notificados várias vezes sobre essa possibilidade”, disse o advogado.
Ele disse ainda, que a empresa forneceu cinco caminhões e mão-de-obra para transportar os pertences dos moradores, como também madeiras e telhas (usado na construção de algumas casas).
Desespero e dor - A reportagem do VG Notícias compareceu a reintegração da área na região do Jardim Esmeralda, e pode presenciar o desespero e dor das pessoas que olhavam suas casas construídas com muito sacrifício sendo derrubado pelos tratores. A senhora Ivanice do Rêgo da Silva, esposa do senhor Amilton Cavalcanti da Silva, chorava muito ao ver que sua casa seria derrubada pelas máquinas.
“Essas pessoas são sem coração. Não tem respeito pelos outros. Eu e meu esposo lutamos muito e simplesmente vêm estes homens e acaba com um sonho de uma vida inteira”, declarou Ivanice muito emocionada. Segundo o marido dela, eles moram de aluguel e planejavam mudar para a casa neste sábado (07.12), porém, o sonho da casa própria foi interrompido.
Enquanto isso, duas pessoas idosas ficaram feridas. O senhor Davi Rigone, 55 anos, estava muito desesperado ao ter que desmanchar sua casa de madeira e ao subir no telhado se desequilibrou e caiu no chão, quebrando o braço.
Já uma senhora de aproximadamente 50 anos – que não teve o nome informado, ao perceber a presença das máquinas perto de sua casa, entrou em desespero e acabou desmaiando. Tanto o senhor Davi quanto a mulher não identificada, receberam atendimento médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foram encaminhados para o Pronto-Socorro de Várzea Grande.
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