O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Ministério Público Federal Eleitoral pedindo que seja investigada a suposta prática de compra de votos em Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, em prol do presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso foi revelado pelo Profissão Repórter, da TV Globo.
Em reportagem exibida na terça-feira (1º), o jornalista Caco Barcellos flagrou uma reunião feita com beneficiários do Auxílio Brasil. Quando a equipe de TV chega no local, nenhum dos presentes quer falar - os poucos que topam dar entrevista desconversam e não respondem às perguntas diretamente.
Posteriormente, uma entrevistada afirma ao jornalista que os beneficiários foram orientados a votar no número 22, que representou o atual mandatário nas urnas, "ou não teria mais verba".
Ainda de acordo com ela, que não teve seu nome identificado, o encontro também tratou do programa Auxílio Brasil.
"Os fatos narrados pelos jornalistas são bastante graves, absolutamente públicos e notórios e têm o potencial de demonstrar, mais uma vez, o desequilíbrio das eleições. Tal pretensão, contudo, é absolutamente contrária ao ordenamento jurídico constitucional, que prima pelo princípio republicano no trato da coisa pública", afirma o senador Randolfe Rodrigues em sua representação.
O parlamentar sugere que o tom adotado na reunião, realizada a 48 horas do segundo turno e diretamente relacionada ao pleito deste ano, pode configurar assédio eleitoral e abuso de poder político e econômico. E pede que os responsáveis sejam investigados.
O senador ainda cobra esclarecimentos sobre a possível relação entre a Prefeitura de Coronel Sapucaia e o governo federal, uma vez que uma secretária municipal afirmou à reportagem que encaminharia a lista de presentes nas reuniões ao Ministério do Desenvolvimento Social.
"Mesmo diante da vitória do candidato Lula [PT], é preciso ter eleições limpas, legítimas, e igualitárias, sem que nada influencie a vontade do eleitor", afirma Randolfe Rodrigues.
Coronel Sapucaia é uma cidade de cerca de 15 mil moradores. No primeiro turno das eleições, no início de outubro, houve empate exato entre Lula e Bolsonaro -cada um recebeu 4.295 votos.
"Já no 2º turno, o atual presidente recebeu 4.530 votos, e o petista, 4.090. Ou seja, as reuniões tiveram um efetivo impacto na cidade, retirando votos de um e passando para o outro", pondera Randolfe.
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