O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar, em transmissão ao vivo no Facebook na noite desta quinta-feira (19.03), as medidas adotadas por governadores para conter a disseminação do coronavírus nos Estados. Sua principal crítica, já feita em outras ocasiões, é que as ações podem atrapalhar o andamento da economia.
“Algumas autoridades estaduais têm tomado medidas, tem tido reclamação e tem tido elogio também, mas eu deixo claro que o remédio, quando em excesso, pode não fazer bem ao paciente”, disse. “Uns fecharam supermercados, outros querendo fechar aeroportos, outros querendo colocar uma barreira entre os estados, fechando academias. A economia tem que funcionar, caso contrário às pessoas vão ficar em casa sem ter com o que se alimentar”, continuou.
Nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde divulgou que o número de diagnósticos positivos e confirmados saltou de 428 para 621 em um espaço de 24 horas. Até o momento, foram registradas seis mortes em decorrência da doença – quatro delas no estado de São Paulo e duas no Rio de Janeiro.
As críticas do presidente miram principalmente os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), Estados onde os mandatários têm recorrido a medidas drásticas para evitar a disseminação do vírus. O tucano anunciou na quarta-feira (18.03), que todos os shoppings centers da capital e cidades da região metropolitana deverão ser fechados até 30 de abril, assim como recomendou o fechamento de cinemas, teatros e centros culturais. Witzel editou um decreto proibindo a aglomeração de pessoas.
Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM) determinou a interrupção durante 15 dias de feiras livres, shopping centers, polos comerciais de rua, bares e restaurantes, mas serviço de entrega é permitido. Diferente do que disse o presidente, porém, nenhum Estado determinou o fechamento de supermercados.
Doria e Witzel têm liderado uma oposição de governadores contra Bolsonaro, que ficou ainda mais evidente diante da crise de saúde pública provocada pelo coronavírus. Enquanto os dois principais Estados do Sudeste registravam o aumento do número de casos há duas semanas, e seus respectivos governadores passaram a tratar o assunto como emergência, Bolsonaro continuou com o discurso de que o coronavírus era um exagero da mídia. O presidente mudou o tom apenas na quarta-feira, após uma série de reações em todo país, que registrou panelaços em diversas cidades durante dois dias seguidos.
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