O Brasil precisa de “uma liderança nacional” para conduzir o enfrentamento à pandemia de coronavírus. A opinião é do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), que participou nessa quinta-feira (25) de uma reunião remota da comissão mista criada para acompanhar as ações de combate à covid-19.
Mendes reconhece que o governo federal tem enviado recursos para os governos locais. Mas destacou que “dinheiro não é tudo”. O representante de Mato Grosso criticou, por exemplo, o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter retirado do cargo dois ministros da Saúde durante a pandemia. O general Eduardo Pazuello, que comanda a pasta desde maio, atua como interino.
— Tenho que reconhecer que o governo federal faz um esforço sob o ponto de vista financeiro para ajudar estados e municípios. Mas o dinheiro, que é sempre importante, não é tudo. Nós precisaríamos de uma articulação mais presente e mais próxima. Uma liderança nacional para conduzir esse momento grave do nosso país. Essa característica de interinidade gera instabilidade. Trocar três ministros da Saúde em um período tão crítico não é algo razoável. Espero que o governo possa pacificar isso. Se é para continuar lá o ministro Eduardo Pazuello, que o confirme definitivamente — cobrou.
Mauro Mendes preside o Consórcio Brasil Central, uma autarquia pública que representa o Distrito Federal e os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão e Rondônia. Ele disse que a falta de medicamentos dificulta o enfrentamento da pandemia de coronavírus na região Centro-Oeste. Segundo o governador, a alta procura pelos remédios que compõem o chamado “kit covid” — como a ivermectina e azitromicina — gera aumento de preços e inibe a ação dos gestores públicos.
— Está sendo uma verdadeira loucura encontrar. Os preços dispararam. Os gestores públicos estão com medo de comprar e daí a pouco ver a Polícia Federal batendo na porta. Se tem alguma compra que foi feita com 20% ou 30% mais caro, o Ministério Público já está abrindo procedimento investigativo para dizer que há superfaturamento. Temos uma realidade muito dura. Faltam medicamentos, os preços explodiram e os gestores estão com medo de comprar e depois ter que responder pelo resto da vida por ações improbidade. Grande parte da população já acha que ali tem rolo, confusão. E isso cria um ambiente muito hostil que depõe contra o interesse maior, que é tomar providencias para atender nossa população — disse.
Além da falta de medicamentos, o governador aponta a carência de profissionais de saúde como um obstáculo ao enfrentamento da pandemia.
— Não temos médicos para todas as UTI que tentamos ou conseguimos abrir. Não temos os profissionais qualificados. Alguns abandonam seus postos de trabalho: quando se contaminam, eles precisam se afastar. É uma realidade muito difícil — admitiu.
Mauro Mendes disse que a pandemia chegou “um pouco atrasada ao Brasil Central”. Mas afirmou que os estados da região já sofrem com os desdobramentos da crise.
— A pandemia traz consequências graves na saúde pública. Cria uma demanda que não estávamos preparados para atender. Todo mundo correu para abrir novos leitos de UTI e hospitais. Mas, mesmo assim, na grande maioria dos estados esses esforços não são suficientes para atender o grande número de pessoas contaminadas e que precisam de um leito público — reconheceu.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 1,1 milhão de casos confirmados de covid-19, com 53,8 mil mortes. A região Centro-Oeste responde por 73.520 casos e 1.357 óbitos. Mato Grosso tem 11.443 casos da doença e 443 mortes.
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