Em entrevista ao Fantástico da TV Globo, neste domingo (12.04), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, prevê que os próximos três meses (maio, junho e julho) serão muito duros e de muita cobrança. Segundo ele, serão taxados pelos “engenheiros de obra pronta que não fizeram o que vocês tinham que fazer, por isso o sistema está entrando em colapso”.
Quanto às ameaças de demissão e o desrespeito do presidente Jair Bolsonaro, inclusive ignorando as orientações do Ministério da Saúde, o ministro Luiz Henrique Mandetta disse que preocupa porque a população começa a pensar que o ministro da saúde é contra o presidente, mas que não há ninguém contra ou a favor de nada.
“Isso preocupa, porque a população olha e fala assim: ‘será que o ministro da Saúde é contra o presidente?' Quem a gente tem de ter foco, esse aqui que é o nosso problema é o coronavírus. Eu digo que nosso inimigo, nosso adversário, quem a gente tem que ter foco, o nosso problema é o coronavírus. É ele que é o nosso principal adversário, principal inimigo. Se eu estou ministro da Saúde, é por obra de nomeação do presidente. O presidente olha muito pelo lado da economia. O Ministério da Saúde entende o lado da economia, entende a cultura, a educação, mas chama pelo lado de equilíbrio e atenção à vida”.
Quanto aos números de casos de coronavírus, Mandetta afirmou que é difícil mensurar e que vai depender do comportamento das pessoas, que nada influencia mais esta resposta, do que como a sociedade brasileira vai se comportar nos próximos dias e no próximo mês.
Sobre a falta de respeito da sociedade em relação ao isolamento social, o ministro disse que tem muita gente que propalam fake news, alegando que a pandemia é uma invenção de países para ganharem vantagens econômicas. “Você vê pessoas entrando em padaria, supermercado, entrando em diversas situações fazendo aquelas filas, uma pessoa atrás da outra, encostadas, grudadas, pessoas fazendo piquenique em parques, aglomeradas, isso é claramente uma coisa equivocada”.
Mandetta disse que o Brasil até agora não experimentou o lockdown, o fechamento total. “Estamos com uma diminuição de mobilidade social importante. Chegamos a ter uma diminuição expressiva, relaxamos, estamos ai em torno de 50 e 55%, já chegamos a ter 70%”.
Ele criticou os empresários que tentam burlar o isolamento social achando que sua atividade é essencial e mais importante.
“Se cada empresário, cada setor achar que o dele é o mais importante, essencial e que ele tem que trabalhar, e se começar, com efeito, cascata, se a gente começar a dizer que tudo é essencial, tudo precisa funcionar, nós vamos trabalhando desta maneira. O Ministério da Saúde vai mostrar na outra semana, esta atividade fez isso aqui em cada uma das cidades”.
Mandetta afirmou que não existe capacidade para realizar exames em massa, para testagem de 200 milhões de pessoas. “Se você faz o teste é dá negativo, você tem que repetir o mesmo teste mais de uma vez. A gente vai trabalhando basicamente com os trabalhadores que são mais importantes no momento. Nós vamos testar principalmente aqueles que a gente mais precisa que voltem ao trabalho”.
Questionado em que o brasileiro deve ouvir nesta situação, Mandetta diz que é preciso pedir muita disciplina para as pessoas, que significa dizer “faça você também seu sacrifício para gente bloquear o máximo possível. Não posso chegar e falar para as pessoas vão por aqui, mas estou dando um caminho para a gente superar com mais ou menos stress para a sociedade. Temos que pautar por foco, disciplina e ciência e ficar muito firme neste tripé para que possamos sair disso juntos”, finalizou.
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