O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, acusou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de tentar alterar a bula da cloroquina, inserindo no documento a indicação da medicação no tratamento da Covid-19. A declaração de Mandetta ocorreu durante entrevista à GloboNews, nessa quarta-feira (21.05).
De acordo com o ex-ministro a alteração do documento iria ocorrer via decreto presidencial, que teria sido apresentado a ele após uma reunião ministerial.
“Me pediram para entrar em uma sala e estavam lá um médico anestesista e uma médica imunologista. Eles estavam com uma redação de um futuro decreto presidencial. A ideia que eles tinham era de alterar a bula do medicamento na Anvisa, colocando a indicação para a Covid-19”, declarou.
Mandetta afirmou que o presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, que também estava presente, se surpreendeu com a proposta de alteração. “O próprio presidente da Anvisa se assustou com aquele caminho e disse que não poderia concordar”. Segundo o ex-ministro, também estavam presentes alguns ministros e membros da Advocacia-Geral da União.
À ocasião, Mandetta disse ter sugerido que o assunto fosse tratado no Conselho Federal de Medicina, por se tratar de uma autarquia federal. “Não adianta fazer um debate de uma pessoa, seja especialista na área que for, com um presidente da República que não é médico. É muito difícil. Se eu pego uma pessoa que não tem formação em medicina, me resisto como médico e falo que esse caminho é bom, isso pode não ser a melhor alternativa. Você pode não estar com a melhor assessoria e nem esse médico deveria estar fazendo isso”, declarou.
Até o momento, não há qualquer evidência científica que comprove a eficácia da cloroquina contra a Covid-19, ainda assim, também nessa quarta-feira (20.05), o Ministério da Saúde liberou a prescrição do medicamento até mesmo para pacientes que apresentam sintomas leves da doença.
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