No depoimento à CPI dos Atos Golpistas realizado em 7 de janeiro, o hacker Walter Delgatti Neto revelou, nesta quinta-feira (17.08), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu um indulto caso ele fosse preso ou condenado por suas atividades relacionadas às urnas eletrônicas.
Delgatti explicou que essa garantia foi feita antes das eleições do ano passado, durante uma reunião no Palácio da Alvorada. Respondendo à relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), Delgatti confirmou ter recebido a promessa de proteção por parte do ex-presidente.
O objetivo de Delgatti era obter um indulto semelhante ao concedido ao então deputado federal, Daniel Silveira (PTB/RJ), devido às restrições legais que enfrentava na época relacionadas ao caso Spoofing. Ele também revelou que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) intermediou o encontro.
Durante a reunião, Bolsonaro teria inquirido Delgatti sobre a possibilidade de invadir urnas eletrônicas para testar sua integridade. Delgatti mencionou que aceitou o encontro porque estava desempregado e lhe ofereceram um emprego. O hacker ganhou notoriedade em 2019, por invadir celulares e divulgar mensagens atribuídas a Sergio Moro e à equipe da Operação Lava Jato.
Segundo Delgatti, Bolsonaro solicitou que seus assessores o levassem a técnicos do Ministério da Defesa para obter auxílio em sua atuação. "A ideia era falar sobre as urnas e a eleição, e sobre a lisura das urnas. A conversa foi técnica até que o presidente me disse: 'Olha, a parte técnica eu não entendo, eu irei enviá-lo ao Ministério da Defesa e lá, com os técnicos, você explica tudo isso'", relatou Delgatti.
Ele afirmou que foi levado ao Ministério da Defesa pelo general Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, e que o militar expressou objeções, mas Bolsonaro teria afirmado que era uma "ordem minha, cumpra".
Delgatti esclareceu que o plano original era que ele examinasse o código-fonte das urnas eletrônicas, mas os servidores do Ministério da Defesa explicaram que o código estava no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e apenas servidores teriam acesso. Assim, os servidores repassavam a ele as informações do TSE, sem entregar o código-fonte completo.
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