Logo após o Jornal Nacional, da TV Globo, levar ao ar uma reportagem revelando que os acusados de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), estiveram no dia do crime, em seu condomínio, no Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro fez uma live via Facebook, as 03h50min, horário da Arábia Saudita, extremamente exaltado e não economizou ofensas a TV Globo e sua equipe.
Ele começou a live dizendo que foi surpreendido com a matéria da TV Globo, no Jornal Nacional, sobre o depoimento de um porteiro, que contou à polícia que, horas antes do assassinato de Marielle, em 14 de março de 2018, um dos suspeitos do crime, Élcio de Queiroz, teria ido a sua casa no condomínio.
“A morte de Marielle não vai colar em mim. Parem de trair o país. Vocês estão destruindo o Brasil. Mas sei por que fazem isso. Não tem mais dinheiro público para vocês. Acabou a mamata. Só converso com vocês em 2022. Estou no meu limite com vocês. Mas não tem como me pegar. É uma imprensa porca, canalha e imoral. TV Globo, vocês não prestam. Vocês perderam. Acabou a teta”.
Bolsonaro disse que não vai perseguir a TV Globo em 2022 quando a concessão será renovada, mas prometeu que não haverá jeitinho, que a emissora terá que estar “enxuta, corretamente”. “O processo vai estar limpo, se não estiver limpo, legal, não tem renovação da concessão, nem de vocês e nem de TV nenhuma. Vocês apostaram em me derrubar no primeiro ano, não conseguiram”.
Ele lembrou o episódio da avó da primeira-dama, envolvida com tráfico de droga. Lembrou ainda da mãe da Michele Bolsonaro, sobre estelionato, e admitiu que realmente houve os envolvimentos, mas que a esposa não tem nada com os fatos. “Foi presa sim por tráfico, mas agora está com mais de 80 anos. Faz esta covardia com ela para atingir minha esposa, que tem um projeto social maravilhoso. O que minha esposa tem a ver com a avó dela?, questionou.
Bolsonaro citou “é laranjal, é laranjal o tempo todo. O que eu tenho a ver com laranjal, o que o Flávio tem a ver com laranjal”?
O presidente acusou a Globo de fazer um jornalismo pobre canalha, sem escrúpulo. Vocês não prestam TV Globo. Vocês esculhambam a família 24 horas por dia, só promove o que está dando errado, não tem respeito com ninguém”.
O presidente defendeu o porteiro, dizendo que “certamente” ele assinou a declaração sem ler ou foi induzido a erro. E não economizou críticas ao governador do RJ, Wilson Witzel (PSC), acusando-o de ter vazado o processo sigiloso sobre o assassinato de Marielle Franco para a TV Globo. “O senhor só se elegeu governador porque ficou o tempo todo colado com meu filho.”
O presidente admitiu que estava descontrolado e aos berros disse: “O tempo todos vocês infernizam a minha vida, porra”.
Entenda o caso - O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, a registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde mora o principal suspeito de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, Ronnie Lessa – é o mesmo condomínio onde o presidente Jair Bolsonaro tem casa.
O porteiro contou à polícia que, horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, o outro suspeito do crime, Élcio de Queiroz, entrou no condomínio e disse que iria para a casa do então deputado Jair Bolsonaro. Mas os registros de presença da Câmara dos Deputados mostram que Bolsonaro estava em Brasília no dia.
Como houve citação ao nome do presidente, a lei obriga que o Supremo Tribunal Federal (STF) analise a situação.
No dia do crime, o porteiro trabalhava na guarita que controla os acessos ao condomínio. Às 17h10 da data do crime, ele escreve no livro de visitantes o nome de quem entra, Élcio, o carro, um Logan, a placa, AGH 8202, e a casa que o visitante iria, a de número 58.
Élcio é acusado pela polícia de ser o motorista do carro usado no crime.
O Jornal Nacional apurou o teor de suas declarações. O porteiro contou que, depois que Élcio se identificou na portaria e disse que iria pra casa 58, ligou para a casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar.
Disse também que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do "Seu Jair" – ele confirmou isso nos dois depoimentos.
No registro geral de imóveis, consta que a casa 58 pertence a Jair Messias Bolsonaro. O presidente também é dono da casa 36, onde vive um dos filhos dele, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC).
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