por Wilson Pires de Andrade*
Foi uma indústria de óleos vegetais pioneira no Estado de Mato Grosso. Organizada em 1963 e instalada em Várzea Grande em 1966, ocupou uma área do Morro Vermelho, ao lado dos primeiros quilômetros da via asfaltada da BR-364, hoje Avenida da FEB.
Sua inauguração aconteceu com a presença do presidente do Brasil Castelo Branco e das mais importantes autoridades militares, comerciais, industriais, eclesiásticas e políticas do Estado.
A empresa teve como fundadores vinte e um dos seus primeiros acionistas, entre eles o ex-governador Júlio Muller e o senhor Guilherme de Abreu Lima. No início o empreendimento foi movido mais pelo patriotismo do que pelos interesses particulares.
O governador Júlio Muller era um homem muito simples e trabalhador e após deixar o Governo do Estado, achando que ainda podia ser útil, resolveu montar uma empresa para fabricar óleo vegetal, a partir extração do coco babaçu. Montou com todo cuidado, ficando o seu escritório no antigo Hotel Fenícia e a fábrica em Várzea Grande, perto da entrada da ponte Eliza Bocaiúva Correa da Costa – Ponte Velha.
Empreendimento
O objetivo dessa arrojada indústria era o aproveitamento das reservas naturais oleaginosas da região amazônica e o estímulo ao plantio do amendoim, do algodão, do gergelim e da mamona, fomentando a produção no Estado. Visava ainda a outras duas finalidades: evitar a evasão de capital para outros Estados produtores de óleos e dar oportunidade a outros trabalhadores, a procura de serviços.
A empresa tinha sete pavilhões em estruturas metálicas e de alvenaria, em uma área de quatro mil metros quadrados devidamente equipados com moderna instalação (para a época) de máquina de prensagem, refinação, saboaria, laboratório, armazenagem, etc.
Estima-se que foi investido cerca de cinco milhões de cruzeiros.
Foi sem dúvida um empreendimento que se deve ao arrojo de homens da como Guilherme de Abreu e Júlio Muller, que se arriscaram confiantes no futuro de Mato Grosso.
Era início do desenvolvimento de Várzea Grande para chegar a ser a Cidade Industrial de hoje. Foram doados a partir de então áreas de terras para que muitas outras empresas viessem para a cidade fundada por Couto Magalhães.
Decepção
Após algum tempo e com a fábrica em funcionamento, o equipamento montado não conseguia quebrar o coco babaçu. Depois muitos prejuízos, o senhor Júlio resolveu trazer senhoras da região nordeste do país e que tinham práticas em quebrar o coco, colocando-o entre os joelhos e quebrando com um golpe de machadinha para trabalhar na fábrica. Também não deu certo.
O senhor Júlio Muller, com grades prejuízos e triste porque o seu sonho havia acabado depois de muita luta, fechou as instalações da MATOVEG – Indústria Mato-grossense de óleos Vegetais S/A e terminou seus dias cuidando de uma pequena fazenda na Serra de São Vicente.
*Wilson Pires de Andrade é Jornalista em Várzea Grande
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