por Lucas Bertolini*
Ainda há pouca divulgação e muita desinformação com relação à vacina que combate o HPV (papilomavírus humano). Para quem não sabe, o imunizante foi disponibilizado no Brasil em 2014 com um propósito inicial muito importante, evitar o câncer de colo do útero. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres.
Antes de falarmos da vacina, é preciso esclarecer sobre a doença. A transmissão da infecção pelo HPV ocorre por via sexual, por contato com a mucosa ou na pele da região anogenital. Por isso, a camisinha ajuda, mas não resolve, já que o vírus também pode ser transmitido pela pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal. Portanto, o HPV também pode causar outros cânceres como no pênis, ânus, faringe e vagina.
E não tem como fugir, a principal forma de prevenção é a vacina! A imunização na rede pública teve início com meninas de 9 a 14 anos e na sequência se estendeu a meninos de 11 a 14 anos. O Ministério da Saúde já ampliou o público-alvo, mas o grande debate se centra nesse público. Ainda existe muita desinformação e muitas pessoas ainda atrelam a vacina à sexualização infantil, muito em decorrência do pouco acesso à informação.
É importante ressaltar que a imunização é mais eficaz em pessoas que não iniciaram a vida sexual. Os estudos mostram, por exemplo, que a imunização protege em até 70% os casos de câncer do colo do útero. Mas, infelizmente, ainda há pouca divulgação e esclarecimento sobre o assunto. A vacina é proteção e essa informação deve chegar aos pais. Afinal, qual pai e mãe que não quer ver seu filho protegido?
A cobertura vacinal das meninas é de 80% na primeira dose, caindo para 57% na segunda. Entre os meninos a taxa de imunização com as duas doses é ainda mais baixa, com apenas 36,4% completando o esquema vacinal. Esses números fogem, e muito, do ideal. O Ministério da Saúde aponta que, para diminuir a circulação do vírus, por exemplo, é importante que se atinja um percentual de 90% de meninas vacinadas.
No Brasil são 16 mil diagnósticos todos os anos de câncer de colo do útero e 6.500 mulheres morrem. Os números assustam, mas o que tem mais me assustado é saber que existe a prevenção, mas ainda não temos espaço suficiente para falar do assunto.
*Lucas Bertolin, Cirurgião Oncológico no Hospital de Câncer de Mato Grosso, da Oncolog e do Consórcio de Saúde da Região do Vale do Peixoto
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