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Artigos Terça-feira, 01 de Agosto de 2017, 13:22 - A | A

Terça-feira, 01 de Agosto de 2017, 13h:22 - A | A

opinião

Vencedores e perdedores

por Daniel Almeida de Macedo *

Multiplicam-se as análises sobre a recente ascensão e declínio da globalização como modelo político capaz de trazer prosperidade e bem-estar à maioria da população. O paradigma econômico proposto pela globalização dos mercados é cada vez mais questionado por acadêmicos como o sérvio Branko Milanovic, autor do livro Desigualdade Global, que destaca o surgimento de "vencedores" e "perdedores" deste processo.

O Brexit, isto é, a saída do Reino Unido da União Europeia e a eleição de Donald Trump para a Casa Branca fizeram com que os tradicionais defensores da globalização reconhecessem que algo estava errado, e que a globalização não estava equalizando as desigualdades sociais. Ao contrário, hoje muitos estão se sentindo cada vez mais prejudicados com esse sistema. Mesmo que se considere que há uma forte carga de "populismo" por parte das correntes contrárias à globalização, está claro que a configuração da globalização contemporânea é fortemente marcada pela atuação de instituições financeiras internacionais, especialmente pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, que desde os anos 80, promovem a liberalização dos fluxos comerciais e financeiros dos países.

A base teórica da globalização é a economia neoclássica, mas suas bases científicas são questionadas por economistas dessa própria escola do pensamento econômico, como é o caso de Joseph Stiglitz, que aponta contradições e um certo "autoritarismo" em seus postulados. As instituições financeiras internacionais que exigem políticas de liberalização dos fluxos internacionais argumentam que a globalização não é uma opção, mas sim um fenômeno inexorável, uma decorrência histórica impulsionada pelo avanço tecnológico da qual nenhum país pode se eximir. No entanto, a decisão política quase generalizada de liberalização dos fluxos internacionais tem levado a uma crescente interdependência comercial e financeira entre os vários países do mundo. Simplificadamente a globalização significa isso, produzir onde for mais barato, em países com custo mais baixo, através da formação de redes de produção regionais e globais. As empresas multinacionais que se fortalecem de forma desmesurada na esteira desse processo se valem do que há de melhor nos diversos países. Seja a mão de obra barata ou o mercado consumidor vasto, aproveitam as vantagens que encontram, mas não assumem qualquer responsabilidade direta.

Por fim, é interessante notar que ao contrário do passado, atualmente a globalização encontra forte resistência em países como os Estados Unidos e também na União Europeia, pois nesses países os danos sociais causados são mais evidentes. A defesa da globalização contemporânea tem sido feita por países periféricos ou grandes emergentes como a China, que assume o papel de líder do comércio livre. Mas também o Brasil de hoje tem afirmado uma postura mais favorável à globalização, em oposição ao discurso desenvolvimentista das presidências Lula e Dilma.

Não há como saber sobre os rumos da globalização, mas atualmente há o reconhecimento da heterogeneidade na distribuição de seus ganhos, não apenas entre países, mas também dentro de cada país, entre diferentes setores de atividade e segmentos da população. Inegavelmente há "vencedores" e "perdedores" nesse processo que inicialmente se apresentava como um caminho para a se alcançar um nível mais elevado de igualdade social e prosperidade

* Daniel Almeida de Macedo é Doutor em História Social pela USP.

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