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Artigos Quinta-feira, 11 de Maio de 2017, 14:26 - A | A

Quinta-feira, 11 de Maio de 2017, 14h:26 - A | A

opinião

Um dom

                                                                                                                                                                          por Renato Gomes Nery * 

Quanto mais a população cresce e o mundo se expande, as pessoas se distanciam. Nos prédios de apartamentos cada vez maiores e nos condomínios horizontais enormes, as pessoas nem se conhecem e nem se cumprimentam.

Os aparelhos eletrônicos e a Internet que deveriam ser instrumentos de aproximação são de distanciamentos e de alheamentos. Os celulares isolam as pessoas, perdendo elas o contato físico e humano. As pessoas estão solitárias no meio da multidão ilhados operando os seus telefones móveis.

Existe na Internet um aplicativo chamado Camming, onde uma pessoa se exibe com hora marcada e paga do outro lado por um solitário(a) que tenta se livrar do isolamento. As pessoas não se aproximam dos vizinhos, mas procuram na Internet relacionamentos incertos.

Neste mundo globalizado a solidão cresce em proporções geométricas e, por consequência, o numero de solitários, desajustados e suicidas aumentam exponencialmente.

A depressão está ganhando terreno e se não é a maior deverá ser em pouco tempo o mal do século.

As famílias estão cada vez menores e a distância física agravada pela aguda luta diuturna; pelo uso de aparelhos eletrônicos e o excesso de ocupações diárias aumentam cada vez mais o fosso entre as relações afetivas.

Uma amiga querida suicidou-se. E eu nunca soube que ela era depressiva. Se tivesse me distanciado do meu umbigo, talvez, pudesse ter feito alguma coisa.

As relações tornaram-se superficiais. E os amigos são estranhos. Não sabemos o que se passa com eles e nem eles conosco.

Todas as pessoas precisam de atenção. As carências afetivas são absurdas. O mundo é gregário, mas as pessoas insistem em se isolar. Olhe para o lado e vai ver sempre uma pessoa igual a você, com necessidades, desejos e carências.

Ninguém tem o direito de ser grosseiro. Por trás de quem trabalha ou desenvolve qualquer atividade tem uma pessoa que labuta pela subsistência. Um bom-dia não custa! Um como vai, também, não! Uma conversa trivial faz parte da convivência humana. É assim que começam as aproximações e se consolidam as relações.

Sinceramente agora no outono da minha vida, eu gostaria de ter ou desenvolver o dom de aproximar as pessoas.

* Renato Gomes Nery é advogado em Cuiabá

Brasil unido pelo Rio Grande do Sul

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