Por: Jorge Maciel
As convenções do PL neste domingo que passou (24), quando o presidente Jair Bolsonaro foi lançado candidato à reeleição, não emitiram sinais de algo novo, exceto a ausência de figuras importantes que sempre atuaram e deram suporte ao bolsonarismo. Só para citar três emblemáticos, Janaína Pascoal, bolsonarista doutrinária, por exemplo, sumiu, o gal. Augusto Heleno, foi outro que não deu as caras. O vice-presidente Hamilton Mourão, defenestrado e afastado das lides onde estão os ‘fiés’ a Bolsonaro, preferiu voar para o Sul.
Neste sábado passado (23) 1.500 empresários brasileiros de peso superlativo assinaram manifesto à favor da democracia, das urnas e da lei, contra a violência política, e desancaram, com estilo e sutileza, um presidente que tem sido avesso a tudo o que os empresários defendem. Mesmo com o alto custo pago ao YouTube para disseminar convites para a ‘festa’ e altos valores empregados em missivas convencionais, o público foi aquém do esperado.
De certo mesmo, Bolsonaro foi ladeado de gente como Arthur Lira, Ciro Nogueira, Daniel Silveira, Fábio Wajngarten, Carla Zambelli, eteceteras. Como sublinhou o ex-aliado, o deputado Julian Lemos, “Bolsonaro está com aqueles que em 2018 disse que jamais estaria”.
É prática corriqueira no funcionalismo público, principalmente dos que têm cargos de indicação, que, perto o final dos quatro anos de um mandatário, ninguém leva muito a sério as suas ordens, principalmente se, na esteira de uma campanha para permanecer no cargo, como ´o caso de Bolsonaro, as chances de sucesso forem pequenas. Parece, ao que perece, que o presidente começa a ficar desobedecido e só.
Eleito em 2018 com o discurso de “restaurar” o País em todos os aspectos e por fim à corrupção, Bolonaro tinha tudo para ser presidente de mão cheia e sua reeleição seria um mamão com mel. Ele preferiu [ aliás, como lhe falta de conhecimento e sensibilidade, as grosserias, birra, jet ski, armas ou insensatez ] trilhar um caminho que em nada se assemelha oa comportamento de um chefe de Estado. Em termo de gestão, no cômputo geral, usando do meu direito de trocar palavras, Jair Bolsonaro como presidente República é o melhor desaforado do futebol de várzea que conheço.
Isolado pelos líderes de diversos países, ridicularizado pela imprensa internacional, malquisto por negros, índios, estudantes e por quem pratica a cultura e a arte, o presidente brasileiro não se tornou, pois já era, um pária de marca maior. De todos os presidentes que se teve, é o único que até hoje não apresentou um projeto sequer para o país.
Veja só esse exemplo:
Na área da habitação, o governo FHC financiou 4,5 milhões de moradias, o governo Lula entregou pelo Minha Casa Minha Vida 12,7 milhões de unidades, Dilma construiu 5,2 milhões de casas, e o governo Bolsonaro patina nos 921 mil, sendo que herdou 280 mil da antecessora, tendo apenas pintado ou coberto e inaugurado.
Nestes três anos, do alto do Planalto, o presidente se ocupou de três tarefas básicas até agora: falar mal da Globo e Folha de S Paulo, atacar o STF e andar com evangélicos, parte da pior estirpe, de moto Brasil adentro. O governo pouco ou nada produziu e a conta chegou.
As pesquisas mostram derrota em primeiro turno para seu principal adversário, e indicam que contra qualquer outro oponente, ele igualmente perde a peleja. Isso um resultado de um quadro criado pelos seus próprios devaneios e uma espécie de loucura – como ficou demonstrado na maneira torpe como tratou do assunto pandemia.
Nas suas últimas aparições, exceto os seguidores que não lhe abandonam, Bolsonaro mostra que vem perdendo contingente. Na obra do dramaturgo, ensaísta e filósofo Hans Christian Andersen, de 1871, destaca-se “A nova roupa do imperador”, a saga de um monarca considerado destituído de inteligência e inapto para ocupar os cargos no reino. Lá, Hans Christian dizia que o rei está nu. Aqui também caberia a filosofia da obra do dinamarquês.
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Jorge Maciel é jornalista e repórter do VGNotícias
(As opiniões emitidas por articulistas não traduzem necessariamente a opinião do VGNotícias)
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