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Artigos Quinta-feira, 28 de Junho de 2018, 17:49 - A | A

Quinta-feira, 28 de Junho de 2018, 17h:49 - A | A

Opinião

Tabagismo também mata

por Juacy Silva*

Todos os países, em maior ou menor grau, convivem com diferentes níveis e tipos de violência e, não por acaso, os meios de comunicação desempenham um papel fundamental, seja em termos de análise desta triste realidade ou na forma de estardalhaços ao noticiar a violência.

Na forma espalhafatosa ou com estardalhaço, no caso, por exemplo do Brasil, existem veículos impressos que as pessoas costumam dizer “este ou aquele jornal, se espremer sai sangue”, ou seja, as notícias estampam fotos de cadáveres, pessoas mutiladas e outras fotografias que chocam a opinião pública e, ao veicular por dias seguidos as mesmas notícias acabam levando o pânico a população.

Com o advento da televisão e mais recentemente com a internet e as redes sociais esta forma, um tanto distorcida, podemos dizer, de informação ou divulgação ganhou mais velocidade e atinge em poucos minutos milhões de pessoas. Não é por acaso que programas televisivos que fazem da divulgação da violência seu carro chefe acabam transformando seus apresentadores em verdadeiros âncoras, os ou as quais, com grande frequência se tornam figuras públicas e tem nesses programas uma plataforma para alçar voos políticos e um acesso direto ao poder.

Com certeza que os índices de violência no Brasil são terríveis e estão crescendo ano após ano, tendo chegado e mais de 62 mil em 2016 e com certeza deverão ultrapassar de 70 mil assassinatos neste ano de 2018. O mesmo se pode dizer das mortes no trânsito, que, pela sua evolução, se nada ou pouco for feito pelos nossos governantes, dentro de poucos anos deverá superar o número de assassinatos.

Todavia, existem outras formas cruéis e também terríveis de mortes que pouca ou quase nenhuma atenção recebe por parte dos meios de comunicação. Neste rol podemos incluir as mortes decorrentes do alcoolismo e do tabagismo, drogas, cuja comercialização é legalizada na maioria dos países, incluindo o Brasil, onde o governo passa a ser sócio desta tragédia humana `a medida que tais drogas podem ser vendidas e compradas livremente, com poucas restrições, as quais também são burladas sem que os poderes públicos exerçam seu papel de polícia. Ao arrecadar impostos que incidem sobre tabaco e álcool, o governo se torna sócio da mortalidade decorrente das mesmas.

No mundo, segundo dados recentes do Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabagismo mata mais de 7 milhões de fumantes e mais 900 mil de fumantes passivos a cada ano, principalmente familiares e trabalhadores que convivem com fumantes ao longo da vida, as vezes desde crianças.

No Brasil em 2015 ocorreram 256,2 mil mortes doenças decorrentes do tabagismo, principalmente doenças cardiovasculares, de câncer de pulmão, respiratórias e outras mais.

Convenhamos este número de mortes é várias vezes o total de mortes em guerras e conflitos armados e assassinatos que ocorrem no mundo a cada ano. Mas esta realidade praticamente não recebe a mesma cobertura dos meios de comunicação e nem entra na pauta ou agenda das autoridades, passando a ser apenas um drama pessoal ou familiar, jamais uma prioridade na definição de políticas públicas.

Só para se ter uma ideia da gravidade do tabagismo, dados tanto da OMS quanto do Instituto Nacional do Câncer (INCA), quanto de diversas outras instituições de pesquisas e de saúde pública, como a Fundação Oswaldo Cruz e outras de âmbito internacional, indicam que 90% dos casos de câncer de pulmão decorrem do tabagismo e que a cada ano mais de 3 milhões de pessoas morrem no mundo em decorrência de doenças cardiovasculares decorrentes do tabagismo.

Deste total, em 2015 no Brasil mais de 50.700 mil pessoas que morreram em decorrência de doenças cardiovasculares eram fumantes, ou seja, o tabagismo foi o fator determinante dessas mortes. Estima-se que o tabagismo será responsável por mais de 3.7 milhões de mortes em doenças cardiovasculares e no Brasil este número deverá ser superior a 68.250 mortes, de um total de 350 mil mortes por doenças cardiovasculares.

A taxa de mortalidade por tabagismo entre homens no Brasil é de 83,0% e entre as mulheres de 64,8%. Cabendo aqui uma ressalva ou um destaque, mesmo com a queda do número de fumantes o número de pessoas que contraem doenças graves decorrentes do tabagismo continuam sendo um peso muito grande tanto para os sistemas público quanto privado de saúde e também para a sociedade, cujos custos vão mais além e incluem tratamentos caros, mortes, afastamento do trabalho, queda na produtividade do trabalho e da economia.

Em um próximo artigo, tentarei destacar as consequências do alcoolismo, uma doença mental, como o tabagismo, que também mata muito mais do que a violência do dia a dia que tanto aterroriza a população brasileira. Estamos vivendo em meio a um verdadeiro genocídio, com sérias consequências para as pessoas, as famílias, os países e o mundo em geral.

Apesar desta triste realidade, muita gente imagina que basta legalizar as drogas e o problema estará resolvido. Basta refletirmos para o caso do tabagismo, do alcoolismo e das drogas “controladas” que a cada ano faz mais vítimas, muito mais do que todas as drogas consideradas ilegais e que estejam relacionados com o crime organizado. O problema é mais complexo e merece uma análise mais profunda e menos passional ou meros discursos eleitoreiros.

Se legalizar a venda de drogas fosse a solução, não haveria esta tragédia decorrente do tabagismo e do alcoolismo.

* Juacy da Silva, professor universitário, aposentado UFMT, mestre em sociologia

 

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