por Márcia Pinheiro*
A Organização das Nações Unidas (ONU) apresenta o fim da violência doméstica como um dos objetivos mais importantes do século e mesmo diante de toda luta, conquista e os avanços nos direitos da mulher e da igualdade de gênero é preciso entender as causas e saber o que de fato é preciso fazer para acabar com esse mau assola a nossa sociedade.
A violência sistêmica contra a mulher é consequência de desigualdades históricas que foram construídas por meio de manifestações extremas, as quais transitam nos campos social, político, cultural e econômico da absoluta maioria das sociedades e culturas.
A ausência desse entendimento sobre as desigualdades, e a forma como elas se relacionam aos papéis associados ao gênero masculino e feminino, é o que leva à negação de direitos e diferentes níveis de tolerância social à violência, gerando assim, mais violência.
Os comportamentos sociais estabelecidos pela sociedade brasileira entre homens e mulheres cria e perpetua espaço para que a violência aconteça à medida que alguém não se encaixe nos padrões impostos tornando essas diferenças em desigualdades, principalmente quanto a discriminação da condição feminina.
É preciso entender essas desigualdade para construirmos, a partir desse entendimento, ações e políticas que buscam reverter esse quadro discriminatório que impõe agressões contra as nossas mulheres e meninas.
É necessário nos debruçarmos sobre as causas enraizadas na cultura dessa violência, diferente da forma como temos agido, concentrados na causa e consequência. A Lei Maria da Penha, que completa 15 anos, foi um ponto de partida para moldar todas as formas de combate à violência contra mulher que conhecemos.
E mesmo com seus avanços históricos ainda precisamos instigar o debate sobre as culturas de violências no designo de forçar uma brusca mudança no comportamento e mentalidade desses padrões machistas instalados em nossa sociedade.
Se faz necessário o desprendimento dos papéis da masculinidade e feminidade presentes em nosso processo educacional desde que nascemos, porque elas colidem diretamente nas mudanças dos padrões sociais e, portanto, geram impactos negativos.
Essa abolição ao pensamento machista, da supervalorização das masculinidades e das formas como as desigualdades de gêneros se reproduzem, deve ser debate nos lares, nas escolas, nas faculdades e em todos os níveis da vida, porque o fim da violência doméstica está, exclusivamente, ligado às ações que assegurem o protagonismo feminino por meio de políticas públicas de educação, autonomia econômica, financeira e outras.
É preciso garantir a autonomia econômica das nossas mulheres, ou até mesmo aos pontos mais simples como a equidade no trabalho doméstico familiar. Por que não? É necessário estimular mudanças significativas na sociedade, em todas dimensões, para pensarmos mais nas medidas de prevenção e não nas remediáveis.
O fim da violência doméstica, devemos pensar sempre pelo fim, passa pela reinicialização do papéis estabelecidos por homens e mulheres, os quais devem ser reescrito sob uma linha tênue do ponto de vista existencial que venha a inibir desigualdades em todas as instâncias, por que ela, a desigualdade, é munição de todas as formas de violências.
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