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Artigos Sábado, 23 de Março de 2024, 09:04 - A | A

Sábado, 23 de Março de 2024, 09h:04 - A | A

Kelly Mamedes*

Prisão de Robinho e Daniel Alves: O machismo no futebol e a violência contra mulheres

Nesta semana o ex-jogador de futebol Robson de Souza, mais conhecido como Robinho, que atuou por grandes clubes no Brasil e na Europa bem como pela seleção brasileira foi preso por ter sido condenado, na Itália, a 9 anos de prisão por sua participação no estupro coletivo de uma mulher albanesa na Boate Sio Café, na cidade de Milão em 2013.

Há poucas semanas atrás o também ex-jogador de futebol Daniel Alves, que do mesmo modo defendeu times importante no Brasil e na Europa assim como a seleção nacional, foi condenado, também por estupro, pela Justiça espanhola a 4 anos e 6 seis de prisão.

Esses casos recentes e que ganharam enorme repercussão nas mídias e na sociedade, devido a notoriedade dos envolvidos, demonstram claramente não apenas o ambiente preconceituoso, machista, misógino e violento que caracteriza o futebol brasileiro e internacional, mas também e principalmente são fortes indícios de uma sociedade na qual nós mulheres somos vítimas cotidianas de todos os tipos de agressões.

Os dados do mais recente Atlas da Violência, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indicam que em 2021 foram 3858 homicídios de mulheres fazendo que subisse para 1,2 assassinatos por cada 100 mil habitantes. É importante frisar que as mulheres estão muito mais sujeitas a violência, uma vez que representam 67,4% do total de mortes.

Esses números estarrecedores apontam para uma situação absolutamente inaceitável e que demanda um esforço não apenas de nós mulheres, mas sim de toda a sociedade brasileira para diminuirmos urgentemente essas mortes. Essa é uma agenda civilizatória, pois são vidas de mães, de filhas, de irmãs que estão sendo ceifadas e trazendo dor e desolação para milhares de famílias.

As recentes condenações de dois homens famosos pelo crime de estupro é um alento, apesar das sentenças condenatórias terem sido proferidas fora do Brasil, mas precisamos de muito mais e de forma rápida. O silêncio de instituições como a Confederação Brasileira de Futebol e de amplos setores da sociedade sobre a condenação de Daniel Alves e a prisão de Robinho são uma prova de que temos um longo caminho a ser trilhado.

Por isso mulheres e homens precisam se unir contra a violência de gênero. Não podemos mais aceitar que tantas mulheres morram todos os anos no país vítimas da violência de uma sociedade machista e misógina.

Kelly Mamedes. Advogada, Doutora em História. Professora da UNIFACC

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