por Caiubi Emanuel Souza Kuhn*
No último ano, o governo cortou mais de 8 mil bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado, além de anunciar que pretende reduzir pela metade o orçamento da CAPES para o ano 2020. O cenário não é nada positivo para o desenvolvimento de pesquisa e inovação no Brasil, mas quais as consequências disso para o país nos próximos anos e décadas?
Mão de obra qualificada é um bem precioso no mundo civilizado. Diversos países como Austrália e Canadá possuem programas especiais de concessão de vistos e cidadania profissionais em algumas áreas. Os Estados Unidos, Alemanha e outros países, há décadas abrem espaço para acolher pesquisadores de diversas partes do mundo e a China vem realizando esforços para repatriar cientistas que estavam trabalhando em outras partes do mundo. Cada dia mais, a pesquisa e inovação está ligada ao desenvolvimento dos países.
No Brasil, há anos, alguns pesquisadores têm denunciado o desmonte da ciência nacional, que vem ocorrendo de diferentes formas desde 2014, mas que se aprofundou muito no último ano. As universidades e centros de pesquisa são os locais onde ocorrem a produção da ciência nacional. A crise econômica vem tornando a situação insustentável, uma vez que os governos estão cada vez mais negligenciando a estrutura cientifica do país, a ponto de não se ter recursos nem mesmo para pagar a conta de luz.
Por outro lado, em muitos países a porcentagem de investimento em pesquisa e inovação vêm crescendo gradativamente. A Alemanha, por exemplo, anunciou que o país investirá, entre 2021 e 2030, 160 bilhões de euros no ensino superior e na pesquisa científica, montante superior ao previsto anteriormente.
Com esse cenário de aumento em investimento em pesquisa no mundo, em contra posto, o Brasil com cortes drásticos, acredito, que nos próximos anos seguiremos perdendo pesquisadores para centros de pesquisas e desenvolvimento de ciência em outros países. Além disso, as universidades que ainda não possuem a pós-graduação consolidada, em especial nas regiões centro-oeste, norte e nordeste, a falta de recurso levará ao fechamento de programas de mestrado e doutorado, reduzindo a capacidade de competição do país.
A fuga de cérebros é um fenômeno que já está ocorrendo há alguns anos, mas a forma como o governo vem tratando a ciência nacional, fará o país regredir ao menos uma ou duas décadas, perdendo a oportunidade de se tornar um centro de desenvolvimento de ciência, capaz de agregar valor aos nossos produtos e de desenvolver patentes e tecnologias capazes de mudar a nossa realidade social e econômica.
*Caiubi Kuhn é docente do Instituto de Engenharia, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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