por Edina Araújo*
Recentemente, um episódio chocante de agressão veio à tona, envolvendo a esposa do deputado federal Abilio Brunini e o jornalista Antero Paes de Barros. O que torna esse incidente ainda mais perturbador é o silêncio ensurdecedor das parlamentares que se autodenominam defensoras dos direitos das mulheres. Em meio a essa ausência de solidariedade, surge uma questão crucial: até quando as defesas serão seletivas?
Como jornalista, é impossível não me manifestar diante de tal injustiça, mesmo que minhas convicções ideológicas divirjam das do deputado Brunini. Tenho enfrentado minha parcela de discriminação por parte de políticos que abusam de seu poder em busca de impunidade, e sei que o silêncio não é uma opção.
O cerne da questão não reside na filiação política das pessoas envolvidas, mas sim na violência perpetrada contra uma mulher. É inaceitável que, em pleno século XXI, haja quem se sinta no direito de agredir fisicamente ou verbalmente uma mulher e que, pior ainda, outros se calem diante desse ato covarde.
Recentemente, vimos um exemplo de defesa seletiva quando o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, proferiu insultos contra a senadora Janaína Farias (PT-CE), chamado-a de "assessora de assuntos de cama", a parlamentar foi prontamente defendida por uma senadora de Mato Grosso. No entanto, quando se trata da esposa de um adversário político, o silêncio predomina. Essa discrepância é um reflexo do quanto ainda precisamos evoluir como sociedade.
Dirijo-me agora ao colega, jornalista Antero Paes de Barros: seu comentário foi, no mínimo, repugnante, quando, ao criticar o deputado na Rádio, questiona "qual trabalho que a esposa do parlamentar teve na comunidade. E, ele mesmo responde: "Rigorasamente nenhum. O papel dela é dormir com Abílio". As mulheres não existem para satisfazer os caprichos de seus maridos, mas sim como seres humanos completos, dotados de dignidade e respeito. É hora de reconhecer o erro e pedir desculpas não apenas a Samantha, mas a todas as mulheres que foram desrespeitadas por suas palavras.
É imperativo que as defensoras dos direitos das mulheres se levantem em uníssono contra qualquer forma de violência ou discriminação, independentemente das circunstâncias ou das pessoas envolvidas. Chegou o momento de abandonar as defesas seletivas e abraçar a coerência em nossa luta pela igualdade de gênero.
Portanto, conclamo a todas as pessoas, independentemente de suas crenças ideológicas, raça, cor ou religião, a se unirem nesta causa vital. O silêncio diante da injustiça é cúmplice dela. Que possamos erguer nossas vozes em defesa da dignidade e dos direitos das mulheres, até que cada uma delas seja tratada com o respeito e a consideração que merece.
*Edina Araújo é jornalista e diretora do VGNOTICIAS
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