por Márcia Pinheiro*
A doença considerada do século ainda é pouco falada em nossa sociedade, sem contar o grande tabu que ainda existe em torno da depressão, essa que atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Até pouco tempo não enxergávamos ela como uma doença que tem cura e que precisa ser amplamente discutida.
É em Setembro que as intuições públicas e privadas levantam a pauta sobre a depressão e suas características clínicas que resultam no suicídio. E no chamado setembro amarelo é que debatemos as dificuldades de detecção dos quadros depressivos; a falta de suporte social, que prejudica o tratamento adequado, e a análise deste fenômeno de enorme complexidade e multidimensional.
É nessa perspectiva que precisamos estimular mais a discussão, não só sob o ponto de vista clínico, mas num panorama mais amplo onde há uma necessidade de desmistificação do tema, levando em consideração o trauma que os resultantes depressivos, como o suicídio, acarreta em nosso meio social.
Não podemos nos restringir há uma vez no ano à busca pela informação e esclarecimentos sobre os riscos dos comportamentos autodestrutivos, ainda que seja numa perspectiva de importante conscientização social. A ausência desse conhecimento compartilhado gera grande descompasso entre as necessidades daqueles que apresentam a ideação suicida, e a tomada de atitudes das pessoas de seu convívio.
É preciso que as instituições sensibilizem a sociedade para uma ótica menos amedrontada e mais acolhedora, onde o sofrimento alheio seja, antes de tudo, escutado para possibilitar intervenções. Hoje, a cada caso de suicídio consumado existe entre 10 ou 20 tentativas anteriores, o que evidencia a importância da prevenção.
As pessoas têm vergonha de admitir as suas angústias e aflições, falo por experiência própria, pois já sofri e, ainda sofro, com a depressão. Quantas vezes relutei em admitir e expressar o que se passava pelos meus pensamentos. Agora imagina nos estágios depressivos mais avançados onde emana a ideia de que a morte é um alívio para tal sofrimento.
Quero me solidarizar com todas essas pessoas e reforçar o nosso pedido de atuação preventiva pelo município onde o nosso Núcleo de Apoio, em conjunto com as secretarias municipais e demais parceiros, irão levar informação e promover o debate em todas as nossas unidades socioassistenciais presentes nos bairros de Cuiabá.
Vamos levar à discussão às escolas, as famílias e a todos os níveis da sociedade possível, pois temos a consciência que quanto maior for o conhecimento sobre a depressão e os riscos de suicídio, maiores são as chances de prevenção e casos fatais.
A minha mensagem para as pessoas que estão passando por algum sofrimento emocional ou psicológico é de que a busca pela felicidade não é uma utopia. Acredite!
*Márcia Pinheiro é atual primeira-dama de Cuiabá, empresária e pós-graduada em Gestão Pública.
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