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Artigos Quarta-feira, 27 de Junho de 2018, 10:38 - A | A

Quarta-feira, 27 de Junho de 2018, 10h:38 - A | A

Opinião

O futuro que nos atropela

por Carlos Fávaro*

O futuro já chegou a Mato Grosso. Aqui ele tem uma cara própria, porque a maioria das suas novidades estão dentro de um pacote de conhecimentos chamado de inovação. Essa nova fase vai entrar dentro de todas as residências de Mato Grosso e mudar a vida principalmente dos nossos jovens que entrarão no mercado de trabalho nos próximos anos. Será uma revolução!

Explico. Desde os anos 1980 a agricultura assumiu a liderança dentro da economia estadual. Os produtores rurais olhavam só da porteira para dentro para produzir. Foi uma fase muito sofrida de aprendizado. Pragas. Doenças. Adaptação de maquinário, de clima e de solo, etc. Os desafios eram mais de adaptação do que de prospecção de mercado e de tecnologias.

Hoje, depois de 38 anos da primeira grande safra de soja de 3,5 milhões de toneladas, em 1980, chegaremos a 2018 a 59,8 milhões de toneladas de soja, milho e algodão e próximo de 3 milhões de toneladas de carnes. Em 1980, sobrava coragem, determinação e fé nos produtores. Hoje, o desenvolvimento de tecnologias em máquinas, em biotecnologia, em técnicas de produção e de manejo, ao produtor se impõem alternativas desafiadoras: aprender a se relacionar com mercados, a lidar com a sustentabilidade ambiental, a vencer desafios graves como a logística, a carga tributária, a burocracia.

Segundo a ONU, em 2050 o mundo terá 9,73 bilhões de habitantes, dos quais 6,3 urbanos e 3,2 rurais, gerando uma demanda de alimentos na ordem de 70% mais do que agora, de energia de novos 80% e água 55%. Produzir nesse ambiente exigirá que o produtor domine completamente o cenário da porteira pra fora, olhando para o mundo.

O leitor deve estar se perguntando o que significa isso. Tento explicar de maneira sucinta dentro desses cenários do futuro próximo. Continuar produzindo matéria prima de grãos, fibras e carnes brutas, sem beneficiamento, não será sustentável. Aliás, já não é! O primeiro passo é verticalizar essa produção primária. Isso significa industrializá-la dentro do Estado para gerar mais impostos e melhores empregos. Já fazemos numa escala muito grande. Mas sempre haverá novos espaços.

O agro em nosso Estado produziu ilhas de prosperidade, cidades de primeiro mundo, mas esta riqueza ainda não esta ao alcance de todos os mato-grossenses, a maioria de nossa gente ainda vive as margens dos grandes negócios, muitos estão em cidades de economia exaurida, sem falar naqueles que apenas sobrevivem na periferia das bolhas econômicas assistindo o sucesso passar perto dos seus olhos e ao mesmo tempo longe do seu alcance de suas mãos.

Aqui entram componentes novíssimos desconhecidos em 1980, como as principais tecnologias que hoje estão em destaque: drone, satélite, computação em nuvem, mobile, datasheets, bigdata e robótica. Outros recursos como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, sensores de monitoramento e rastreamento, realizados por startups e vários serviços hoje disponíveis para os produtores rurais que há pouco tempo eram impensáveis.

Antes apenas as grandes propriedades rurais tinham condições técnicas e financeiras para implantar sistemas, como mecanização de lavouras. Hoje agricultores menores também acessam diferentes tipos de inovações digitais por meio das startups e empresas com baixo custo. A tendência é que os serviços de tecnologia e inovação se tornem ainda mais acessíveis em curto espaço de tempo, atraindo mais produtores rurais, empreendedores, investidores, pesquisadores, instituições de ensino e pesquisa e outros que possam se interessar para resolver os problemas do agro mato-grossense.

Do ponto de vista dos cidadãos esse conjunto de percepções somados, de alta produção tecnológica verticalizada e depois na fase das inovações, vai resultar na completa transformação dos sistemas de educação, de novas áreas para profissionais e empregos melhor qualificados, melhores condições de vida e remuneração mais elevada. É a terceira revolução que já chegou. No primeiro momento, restrita aos produtores, no segundo à agroindústria e na terceira, às inovações que se espalharão por toda a sociedade mato-grossense, atingindo principalmente a sua juventude.

Enxergo esse futuro de amanhã com o mais otimista dos olhares e com a convicção de que ele nos atropelará se não nos prepararmos pra recebê-lo já. Somente desta forma chegaremos a verdadeira inclusão, que é construir Mato Grosso para todos os mato-grossenses.

 

*Carlos Fávaro é presidente regional do PSD e pré-candidato ao Senado Federal

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