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Artigos Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025, 19:49 - A | A

Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025, 19h:49 - A | A

Michelle Marie*

O direito e a bolha da tecnologia

Por Michelle Marie*

Ao olhar para trás, me recordo com nitidez das batalhas iniciais da advocacia. Um dos meus cenários principal era o Fórum de Cuiabá, que ainda era em locais diversos, área criminal e cível.

Em 2005, foi inaugurado o novo Fórum, concentrando as Varas Cíveis e Criminais em um único local, o que já representava um avanço à época. Mas, ainda assim, a rotina era completamente diferente do que vivemos hoje.

Os processos eram físicos. Para acompanhar o andamento, precisávamos nos deslocar pessoalmente. Era necessário “dar carga” e fazer cópias dos autos — os famosos xerox. E, pasmem, em muitos casos, um carrinho era indispensável para carregar os processos mais volumosos. O contato direto com os juízes era comum, compareceríamos ao gabinete para despachar sobre os processos, pois os Juízes sempre estavam em seu gabinete. Não havia necessidade de agendamento prévio.

As audiências eram presenciais. Precisávamos estar no horário marcado e, mas muitas vezes, aguardávamos por horas até o término da audiência anterior. Pedir para reagendar era raro; já estávamos ali, prontos para resolver. As varas eram movimentadas, com filas para atendimento e colegas e partes por todos os lados. Aproveitávamos esses momentos para tomar um café, comer um salgado e trocar experiências. Esses encontros fortuitos eram ricos: aprendíamos, conhecíamos outros profissionais, nos fortalecíamos, era “olho no olho”.

Hoje, o cenário mudou completamente. O Fórum está, enfim, climatizado, mas os corredores antes cheios estão vazios. Não há mais aquele aperto de mão ou a conversa casual com colegas. Tudo se transformou.

A tecnologia nos inseriu em uma bolha que acelerou o mundo e o trabalho. Não há mais tempo a perder. Tudo foi digitalizado e pode ser acessado do escritório, de casa ou até durante uma viagem. As audiências agora são virtuais, e o calor humano foi substituído pela praticidade. Não tem mais o aperto de mão ou até aquele abraço de agradecimento, ou por encontrar um(a) colega querido(a).

O balcão das varas, que antes era um ponto de encontro e aprendizado, perdeu o protagonismo.

Confesso que sinto uma nostalgia ao lembrar desses tempos, uma tristeza de ver o vazio. Em 22 anos de advocacia, já passei por diversas fases, e a transformação tecnológica é, sem dúvida, uma das mais marcantes. Celular no início era pouco usado e mensagens digitais tinham que ser pelo computador através de e-mail ou chat MSN.

Hoje os encontros presenciais são raros, tudo virou virtual. Como tudo na vida, esse progresso tem seus lados positivos e negativos. Seguimos aprendendo de forma diversa, nos adaptando. Afinal, é isso que a profissão e a vida tem exigido de nós.

Michelle Marie é advogada, professora de direito, coordenadora de Pós-graduação, Palestrante, atuando ainda na criação de cursos e gestão de carreiras para palestrantes*

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