por João Edisom*
No princípio, o grande dilema da humanidade era ter um abrigo fixo que pudesse proteger sua tribo. Prova disso que nas eras mais remotas a maioria das tribos eram nômades. Depois, quando viraram clãs, buscaram agrupamentos e cada qual se distribuía em torno uns dos outros com áreas comuns e áreas restritas. Os tempos da organização familiar 6.000aC. (patriarcado) buscou o modelo individual de habitação. Não é a toa que surgiu a frase “quem casa quer casa”.
Daí para a sociedade dispersa e de consumo século XV (burguesia) foi um pulo e desde então o patrimônio inclui casa, veiculo de transporte, mulher ou marido e filhos, estrutura básica. Apesar dos séculos, a maioria ainda não conseguiu tal feito. Mas trabalham incansavelmente para esta conquista ou mesmo apelam aos governos para terem direito principalmente a moradia.
Os que chegaram a tal conquista chamada moradia (própria ou alugada) passa viver a contradição: tem o tal abrigo, mas o trabalho lhes impôs a tarefa de viver no posto de trabalho e não na residência que quase não consegue mais residir, na maioria das vezes virou dormitório.
O COVID 19 trouxe forçadamente uma realidade que as novas tecnologias já permitiam, mas nossa cultura funcional não nos deixava usar. Isto introduziu um novo conceito de trabalho que ainda foge a nossa velha, desatualizada e quadrada legislação trabalhista. A legislação está centrada no ponto e não no trabalho. O trabalhador ainda vale o quanto ele fica no posto de trabalho e não o quanto ele produz.
O termo home office, ou escritório em casa, na tradução literal, a atividade desenvolvida na própria casa ou em locais alternativos, foi acelerado de forma massiva com o perigo da contaminação do coranavírus. A questão é que quando a pandemia passar muita gente vai querer continuar em casa. Afinal, como no início deste texto falei, o Humano sempre quis estar em sua casa. E o trabalho (nem todos), usando as ferramentas tecnológicas, possibilita o retorno ao lar.
Outro termo que vai entrar em pauta são os Co-workings que passarão a ser a base para o uso temporário daqueles que necessitam de algum tipo de encontro físico e inclusivo, como complemento das atividades daqueles que atuam em home office. Já é o começo do fim do escritório próprio.
Novas formas de trabalhar exigem novas legislações que geram uma nova cultura. O COVID 19 passará, as relações de produção e renda não totalmente. Isso exige novos conhecimentos e novas técnicas. É bom ir se acostumando.
*João Edisom é sociólogo e articulista político
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