por Edina Araújo*
Na última quinta-feira (05.12), uma declaração do futuro secretário de Desenvolvimento Econômico de Várzea Grande, Samir Bosso Katumata, conhecido como “Samir Japonês”, chocou e indignou empresários que trabalham arduamente, sem qualquer vínculo com organizações criminosas. Durante uma reunião na Casa dos Empresários de Várzea Grande, na presença da prefeita eleita Flávia Moretti e de membros da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Samir afirmou que "as maiores empregadoras do Brasil são as facções criminosas". Trata-se de uma fala grave, desprovida de comprovação, que compromete a seriedade e a responsabilidade esperadas de quem ocupará uma pasta tão estratégica.
Mais preocupante do que a declaração foi o silêncio ensurdecedor dos presentes, incluindo empresários, vereadores como Rogério Dakar e Gisa Barros, e da própria prefeita eleita, Flávia Moretti. Como advogada, esperava-se dela o rigor com os fatos. Ninguém questionou Samir sobre a base de sua afirmação. Será que os empresários da avenida Couto Magalhães realmente concordam com essa visão deturpada do mercado de trabalho brasileiro? Por que não houve, ao menos, um pedido de esclarecimento?
Enquanto milhares de empresas brasileiras lutam diariamente para manter suas portas abertas, gerando empregos e pagando impostos em meio a inúmeras adversidades, uma declaração como essa é um verdadeiro insulto. Desacreditar o esforço dos empreendedores que sustentam a economia formal em favor de uma narrativa irresponsável é um desserviço ao papel que a Secretaria de Desenvolvimento Econômico deve desempenhar.
Se a fala infeliz não fosse suficientemente preocupante, o histórico de Samir adiciona outra camada de inquietação. Ele já foi acusado durante uma operação Gorgulho, em 2023, detido por envolvimento em desvio de cestas básicas. Essa mancha no currículo não contribui para a construção de credibilidade, especialmente para alguém que terá a missão de atrair investidores e empresas para Várzea Grande. Qual empresário sério se sentirá confortável negociando com um secretário associado a irregularidades?
A credibilidade de uma liderança pública é essencial para inspirar confiança e estabelecer parcerias sólidas. A presença de Samir no comando dessa pasta pode se tornar um grande obstáculo para o desenvolvimento do município, especialmente na área que mais necessita de atenção: a geração de empregos e renda.
Infelizmente, vivemos em uma época em que falas irresponsáveis são justificadas com o argumento de que foram “tiradas de contexto”. Esse tipo de explicação não é mais aceitável. Palavras têm peso, e quando proferidas por alguém que ocupará um cargo público de relevância, o impacto é ainda maior. É inaceitável que figuras públicas tratem temas sensíveis com tamanha leviandade, sem medir as consequências.
A indicação de Samir para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico precisa ser urgentemente revisada. Não se trata apenas de opinião, mas de responsabilidade para com os cidadãos várzea-grandenses. A cidade precisa de lideranças comprometidas com a verdade, a ética e a competência, capazes de representar o município com seriedade e fortalecer sua economia.
Flávia Moretti, como prefeita eleita, tem a oportunidade e o dever de corrigir esse erro antes que ele cause danos irreversíveis à imagem e ao desenvolvimento de Várzea Grande. A indicação de Samir não pode ser um cheque em branco para falas e ações desastrosas. O povo espera mais. E merece mais.
*Edina Araújo, jornalista e diretora do Portal VGNOTICIAS
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