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Artigos Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2025, 10:07 - A | A

Sexta-feira, 10 de Janeiro de 2025, 10h:07 - A | A

Wilson Pires de Andrade*

Há 106 anos, nascia Gonçalo Domingos de Campos e seus segredos

por Wilson Pires de Andrade*

Foi vereador e presidente da Câmara Municipal, quando Napoleão José da Costa era prefeito de Várzea Grande. Por muitos anos, resistiu à tentação de ser candidato à Prefeitura Municipal e, em 1969, lançou a candidatura do seu filho mais velho Ary Leite de Campos, que mais tarde seria deputado estadual e presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso. Trata-se do comerciante Gonçalo Domingos de Campos, irmão de Júlio Domingos de Campos – o seo Fiote e tio dos ex-governadores Júlio e Jayme Campos. Vale ressaltar que Gonçalo Domingos de Campos era avô do ex-deputado estadual e também conselheiro do Tribunal de Contas, Gonçalo Domingos de Campos Neto.

Gonçalo Domingos de Campos, nasceu em Nossa Senhora do Livramento no dia 11 de janeiro de 1916, há 109 anos e foi casado em 1940 com dona Dirce Leite de Campos, filha do coronel João Vicente Pedro de Barros, líder que comandou a política por muitos anos naquela cidade, nas décadas de 30, 40 e 50. O casal teve oito filhos, quatro homens e quatro mulheres: Ary Leite de Campos, Terezinha Catarina de Campos Monteiro, Gonçalo Domingos de Campos Filho, Atair Leite de Campos, Maria Nazarello de Campos, Antonina Leite de Campos e Marisa Leite de Campos. Deles, o mais velho Ary Leite de Campos decidiu suceder o pai na vida pública.

Sempre foi comerciante, estava no ramo desde os 16 anos de idade. O primeiro empório que teve foi na travessa 24 de maio, vendendo secos e molhados. Depois ampliou a sua empresa e montou uma máquina de beneficiamento de arroz, uma das primeiras da Baixada Cuiabana. “Naquele tempo, tudo era difícil”, observava Gonçalo Domingos, lembrando que havia apenas um ônibus ligando Várzea Grande até Cuiabá.

VIDA PÚBLICA

De família tradicional na política mato-grossense, Gonçalo Domingos de Campos sempre acompanhou as disputas eleitorais na Cidade Industrial. Porém, durante toda a sua carreira política ele foi adversário de seu irmão, seo Fiote. Gonçalo pertenceu à UDN e Fiote ao PSD.

Somente em 1969, quando Ary Campos foi lançado candidato a prefeito de Várzea Grande a família Campos se uniu novamente. Ary venceu o candidato da então prefeita Sarita Baracat, Antonino Costa. Em 1972, a família Campos continuou unida e o recém-formado engenheiro agrônomo Júlio José de Campos, sobrinho de Gonçalo e filho de Fiote, se elegeu prefeito de Várzea Grande vencendo o empresário Rubens dos Santos e o jornalista Almerindo Costa (MDB). Ele se orgulhava de ter coordenado todas as campanhas de Ary Leite de Campos, a prefeito de Várzea Grande e três para a Assembleia Legislativa, todas vitoriosas. Em 1982, Ary Leite de Campos foi o deputado estadual mais votado de Mato Grosso, tendo recebido quase vinte mil votos.

VELHOS TEMPOS

Ele se considerava um privilegiado por ter acompanhado o processo de desenvolvimento de Várzea Grande, Gonçalo de Campos recordava que no passado os tempos eram bem mais difíceis. Ele lembrava que quando foi vereador na Cidade de Várzea Grande: faltava tudo. Energia elétrica era escassa e beneficiava menos de 20% da população e não existia rede de água tratada. A água era retirada dos tradicionais poços de fundo de quintal, perfurados “no muque”, com ferramentas rudimentares.

Até 1942, para se chegar em Cuiabá, era apenas de balsa. Então foi construída a Ponte Júlio Muller, batizada de “Ponte Velha”, ligando Cuiabá e Várzea Grande. Mesmo assim, o transporte continuou deficiente. Passou de charretes para um ônibus que passava a maior parte do tempo “desconcertado”, aguardando peças de reposição do Rio de Janeiro. O ônibus tinha três horários de partida para Cuiabá: as 7, 11 e 17 horas.

Mas o principal meio de transporte continuou sendo a charrete até o final da década de 60, quando começaram a circular os ônibus convencionais. Primeiro, da empresa Rápido Noroeste, que depois passaria a se chamar Estrela D’Alva.

DIVERSÃO

A maior diversão da época eram as corridas de cavalo. No antigo Morro Vermelho, onde mais tarde foi instalada a Grande Veículos e a Trescinco Caminhões, havia uma raia para corridas de cavalos. As arquibancadas de madeira comportavam aproximadamente duas mil pessoas e as apostas eram altas. O comerciante Ulysses Pompeo de Campos, possuía na época os melhores cavalos de Várzea Grande. Com o cavalo “Brinde”, Pompeo de Campos dominou as corridas por quase dez anos na Cidade Industrial. “Quando Brinde” corria era fácil ganhar: em várias ocasiões ganhei dinheiro apostando nesse cavalo”, rememorava Gonçalo Domingos de Campos.

Os desportistas de Várzea Grande se dividiam em dois grupos: os que gostavam de futebol e aqueles que se dedicavam as corridas de cavalos. Os adeptos do futebol, mais tarde, ajudaram Rubens dos Santos a fundar o Operário de Várzea Grande, em 1949. Mas Gonçalo Domingos pertencia ao grupo apaixonados pelas corridas de cavalos.

Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso.

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