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Artigos Segunda-feira, 25 de Maio de 2020, 15:18 - A | A

Segunda-feira, 25 de Maio de 2020, 15h:18 - A | A

Breno Molina*

Força da pecuária durante a pandemia

por Breno Molina*

Estamos há mais de dois meses vivendo momentos de incertezas no Brasil, em decorrência da pandemia do coronvaírus (Covid-19). Embora a crise econômica tenha se abatido sobre praticamente todos os setores produtivos, o agro demonstrou força para continuar produzindo alimentos e manter empregos.

Com mais de 30 milhões de cabeças de animais, o maior rebanho do país, dos quais 80% da raça Nelore, o setor da pecuária em Mato Grosso manteve trabalho ininterrupto nesse período. Observamos, inclusive, estabilidade nas cotações de boi e vaca gorda, conforme o IMEA - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária.

Mesmo com custos de produção para recria e engorda 4% maiores nos primeiros três meses deste ano, em relação aos meses de outubro a dezembro de 2019, conseguimos dar andamento à atividade. Essa resiliência é inerente à rotina do pecuarista que não tem outra opção, pois desenvolve uma atividade de ciclo longo e exposto a variações externas.

Como diz o ditado “mar agitado treina bons marinheiros”, assim os produtores rurais têm garantido o abastecimento do mercado interno da carne e ainda ampliado o volume de negócios no mercado internacional. O Egito, por exemplo, habilitou 42 plantas para o fornecimento de carnes e renovou com 95 exportadores. Além disso, o governo egípcio autorizou o início da importação de miúdos bovinos.

A Indonésia acertou com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento uma cota extra de importação de 20 mil toneladas de carne bovina, o que aponta ampliação da participação brasileira, já que a Austrália é o principal fornecedor de carnes para os indonésios. Outra boa notícia: reabertura do mercado do Kuwait à carne brasileira, que estava embargado desde 2013.

Enquanto outros mercados relevantes reduziram a produção, afetados por medidas de isolamento, o Brasil teve incremento nas exportações para a China do seu produto in natura e processado, que dobraram em março ante igual período de 2019. Outro dado importante: o número de unidades frigoríficas habilitadas para exportar aos chineses passou de nove para 39, quadruplicaram.

Algumas medidas protecionistas, que muitas vezes tornam os processos de exportação mais demorados ou eram usadas como barreiras comerciais ao nosso país, estão sendo deixadas para trás. Portanto, o futuro que se avizinha pode ser mais esperançoso: produzir alimentos para o mundo em diversas áreas. Fiquei satisfeito em saber que inclusive Malásia e Singapura fizeram contato para retomar ou aumentar as importações de carnes de frango e bovina.

Seguindo esse fluxo “otimista”, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), à qual estamos filiados, acredita que sairemos fortalecidos da crise como maior produtor de carne do mundo até 2025. Atualmente, o grande desafio da pecuária de corte é a padronização das carcaças para alcançar o nível de excelência exigido pelo mercado internacional.

Meta que as associações (nacional e estaduais) vêm buscando equacionar ao oferecer suporte ao pecuarista para que obtenha crescimento de forma vertical, sustentável e economicamente viável, ou seja, com lucro da porteira para dentro. Uma das ferramentas é a melhoria na base genética do rebanho, que temos feito por meio de ações como o Programa de Qualidade Nelore Natural, o Circuito Nelore de Qualidade e a Prova de Ganho de Peso a Pasto (PGP).

A resposta tem sido aumento na lucratividade: algumas propriedades melhoraram sua produção, de uma média de 5 arrobas/hectare para até 80 arrobas/hectare. Com esse trabalho, oferecemos ao mercado animais mais jovens, com carcaças mais pesadas e melhor acabamento de gordura. Em outras palavras, alimento de excelência à mesa do cidadão. Neste momento, queremos reforçar nosso apoio e parceria, em especial a você, produtor!

*Breno Molina, presidente da Associação dos Criadores Nelore de Mato Grosso (ACNMT)

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