por Emanuel Pinheiro da Silva Primo*
Em tempos de pandemia, só quem tem relação direta com a educação pública no país tem a real noção do que ainda está por vir. Pais e alunos convivem diariamente com a incerteza do retorno às aulas, enquanto os profissionais da educação aguardam por respostas sobre a segurança dessa volta - ou sobre a melhoria das condições do ensino à distância.
No ano passado, enquanto ainda assimilávamos todos os desdobramentos desse novo mundo e buscávamos por saídas que garantissem a manutenção de nossa sociedade como conhecemos, vimos que mesmo com os esforços que fizemos, até agora rumo a um país mais justo e igualitário ainda estamos longe, muito longe, do que acredito ser o ideal.
Não podemos ser hipócritas e colocar na pandemia a culpa pelo atraso e falta de investimentos importantes e constantes na educação do país, mas é inegável que a saúde de nosso sistema educacional também sofreu com a chegada do coronavírus.
As dificuldades encontradas por estados e municípios foram do adoecimento de profissionais a falta de estrutura tecnológica para a continuidade das atividades escolares. E hoje precisamos refletir sobre as consequências de tudo isso no futuro das nossas crianças e jovens que já estão há quase um ano afastados das escolas.
A primeira pergunta que me fiz como parlamentar que defende a bandeira da educação pública de qualidade e também como cidadão foi sobre qual poderia ser o primeiro passo para conter esse retrocesso. E a resposta não demorou a chegar.
Na contramão da lógica de resgate da educação pública do país, tivemos no fim de 2020 o debate sobre a extinção ou continuidade do FUNDEB, o maior e mais importante fundo de financiamento da educação básica brasileira. Trabalhamos bastante por essa pauta e conseguimos uma vitória importante, não só com a manutenção dos recursos, mas também tornando o FUNDEB permanente.
Agora eu chamo a atenção para outro ponto, pois em paralelo a decisões econômicas, o país precisa sair do debate raso sobre a transformação e o futuro da educação pública, que claramente lidou com a mudança de maneira muito diferente do setor privado.
Vejo muitos desafios para a educação pós-pandêmica e destaco dois. O primeiro será a recuperação do prejuízo que o ensino teve com o confinamento. Estudos apontam que os alunos “perderam” o equivalente a cerca de quatro anos de aprendizado.
O segundo, diz respeito à necessidade de novas diretrizes nacionais e metas que deem condições aos governos locais promover inovações permanentes na educação, o que inclui a necessidade de metodologias ativas e aproximação urgente de tecnologias.
Com a urgência da inserção no ambiente digital, o abismo entre estudantes mais pobres e da rede pública, que já tinham desvantagens em relação aos recursos disponíveis pelos alunos da rede privada, ficou ainda mais acentuado e a pandemia só evidenciou a necessidade de políticas perenes em relação à inovação, tecnologia e novas abordagens de ensino.
Nossa produção legislativa vai ao encontro de tudo o que pontuei ao longo do texto, e chamo a atenção para o projeto recém-apresentado que suspende o pagamento de mensalidades do FIES por alunos que estejam recebendo o auxílio emergencial pelos próximos seis meses ou enquanto durar o benefício. É o mínimo que podemos fazer pelos estudantes que além de sofrerem com os efeitos da pandemia no campo acadêmico, também enfrentam a crise econômica e o desemprego.
Abraço a educação como uma das minhas pautas de trabalho porque acredito plenamente que o caminho do desenvolvimento começa exatamente onde termina: com aprimoramento e aprendizado.
Ainda temos muitas incertezas pelo caminho, mas sabemos que é preciso reaprender a ensinar e a aprender.
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*Emanuel Pinheiro da Silva Primo - popular Emanuelzinho, deputado federal por Mato Grosso
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