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Artigos Domingo, 03 de Março de 2024, 16:26 - A | A

Domingo, 03 de Março de 2024, 16h:26 - A | A

Edina Araújo*

Defesa seletiva: Solidariedade feminina por conveniência

por Edina Araújo*

A solidariedade feminina representa um pilar fundamental na busca por direitos e igualdade de gênero. O lema "uma por todas, todas por uma" ecoa com significado em diversos movimentos de defesa dos direitos das mulheres ao redor do mundo. Contudo, emerge uma problemática sensível quando essa solidariedade se mostra seletiva; casos em que mulheres na política, ou esposas de políticos, manifestam apoio mútuo apenas sob a conveniência ou influência de interesses pessoais.

Em Mato Grosso, assim como em outras localidades, observa-se um fenômeno inquietante: mulheres ocupando cargos políticos, ou casadas com políticos, autoproclamam-se ardorosas defensoras dos direitos femininos. Porém, na prática, optam por ignorar as demandas de suas congêneres quando lhes é vantajoso. Adotam uma postura de indiferença: não veem, não ouvem e não falam.

Essa defesa seletiva introduz uma fissura na solidariedade feminina, comprometendo os esforços coletivos em prol da igualdade de gênero. O adágio "Mexeu com uma, mexeu com todas" frequentemente simboliza a união feminina diante de injustiças. No entanto, essa unidade, quando restrita a interesses próprios ou alianças políticas, dilui o verdadeiro espírito da defesa feminina. O que deveria ser um suporte mútuo e incondicional converte-se numa tática oportuna de manutenção ou consolidação de poder.

O cenário político, lamentavelmente, propicia a emergência dessa defesa seletiva. Mulheres em esferas de influência política podem empregar seu poder para amparar-se mutuamente em momentos de escândalos, críticas ou desafios. Por outro lado, quando confrontadas com situações envolvendo mulheres fora de seu círculo de interesses, podem rapidamente esquivar-se da solidariedade feminina visando objetivos pessoais. Exemplificando com casos em Mato Grosso: quando Viviane Kawamoto, esposa do vice-governador, Otaviano Pivetta, foi publicamente atacada, certas figuras femininas do poder optaram pelo silêncio. Similarmente, diante das ofensas do deputado Cattani às mulheres, comparando-as a vacas, observou-se uma reação omissa por parte de algumas. Outros exemplos são: a ex-esposa do ex- deputado Baiano Filho, agredida fisicamente, por motivo torpe, e um dos mais recentementes, a ex-primeira-dama de Matupá, Edilaine Claro da Silva, agredida moralmente pelo ex-marido, ex-prefeito e suplente de deputado estadual. Contudo, quando há interesse, ou a mulher “ofendida” é amiga ou foi ofendida por um arqui-inimigo, aí sim, merece defesa.

É imperativo reconhecer que a solidariedade feminina não deve ser filtrada por conveniências ou afinidades pessoais. A luta das mulheres é interseccional, abrangendo questões de raça, classe, orientação sexual e identidade de gênero. Portanto, a solidariedade entre mulheres deve ultrapassar as barreiras políticas e pessoais, visando sempre a promoção de justiça e igualdade para todas, independentemente das figuras no poder.

Além disso, urge que mulheres em posições políticas valorizem a escuta e o apoio mútuo autêntico, mesmo quando desafiador para suas posições ou interesses. Ignorar as injustiças sofridas por outras mulheres não só prejudica a causa feminina como um todo, mas também perpetua um ciclo de desigualdade e opressão.

Para contrapor a defesa seletiva e robustecer a solidariedade feminina, é necessário um comprometimento coletivo com a justiça e a igualdade. Apenas assim caminharemos em direção a um futuro onde todas as mulheres sejam efetivamente apoiadas e representadas na política e na sociedade.

*Edina Araújo, jornalista e diretora do site VGNOTICIAS

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