por Caiubi Kuhn*
Há alguns anos coordeno um projeto de divulgação científica em escolas da grande Cuiabá, a iniciativa leva até os estudantes da rede pública, rochas minerais e fósseis que ajudam a contar a história do nosso planeta, assim como, quais às limitações de recursos naturais existentes. Durante as visitas sempre surge o questionamento: Ciência e religião são coisas opostas? É possível acreditar nos textos sagrados e na ciência? Neste artigo vou abordar um pouco sobre esse tema e sobre os perigos da negação a ciência.
Para iniciar a discussão, vamos conversar um pouco sobre a principal teoria científica, o Big Bang. Essa teoria propõe que todo o universo esteve concentrado em um único ponto, tudo que conhecemos surgiu de uma grande explosão que deu origem ao espaço e tempo e que o universo em que vivemos está em expansão. Um dos fatos interessantes desta teoria é que ela foi justamente proposta por um padre Jesuíta Chamado de Georges-Henri Édouard Lemaître.
Georges Lemaítre com certeza acreditava em Deus e na Bíblia, mas ele também acreditava na ciência. Ao longo da história da humanidade, a cada dia o homem faz novas descobertas científicas, a cada dia conhecemos mais sobre a história do nosso planeta e do universo.
Os fósseis e rochas ajudam a contar a história da evolução das espécies no nosso planeta, desde o surgimento dos primeiros seres vivos a mais de 3,7 bilhões de anos até o surgimento do homem moderno. Durante as exposições, algumas vezes já foi apresentada a seguinte pergunta: Se o homem veio do macaco por que não tem macaco virando homem até hoje? A resposta é simples, o homem e todos os outros primatas possuem um ancestral comum, da mesma forma como o tigre e o gato possuem um ancestral comum também.
As informações apresentadas no parágrafo anterior vão contra as escrituras sagradas? Não. A Bíblia ou mesmo outros livros religiosos sempre tratam o surgimento de tudo de forma subjetiva e sempre destacam o tempo de Deus. Não poderia ser o tempo de Deus o tempo do universo?
Não existe contradição entre ciência religião, e você pode sim acreditar nos dois. Por outro lado, a radicalização seja pela negação filosófica à religião ou pela negação à ciência, podem trazer riscos sérios à sociedade. Cada pessoa pode acreditar na religião que quiser, mas a ciência não é crença, ciência é uma construção baseada em estudos aprofundados e com devidas comprovações. Cabe destacar que o conhecimento científico evolui a cada dia, ou seja, amanhã poderemos ter uma informação que levará a uma mudança em uma teoria científica.
Precisamos incentivar os jovens do nosso país a acreditar e se empenhar na construção do conhecimento científico. Somente assim, poderemos alcançar avanços científicos que permitam, por exemplo, a cura do câncer. Se você é religioso, você pode ter fé e conhecimento científico.
*Caiubi Kuhn Geólogo, mestre em Geociências pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
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