por Edina Araújo*
A crise entre a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti, e seu vice, Tião da Zaeli, vai muito além de uma mera divergência administrativa. Trata-se de uma disputa por poder e dinheiro, marcada por vaidades pessoais e pelo rompimento de acordos políticos — uma briga que, lamentavelmente, jamais teve como prioridade o município e população várzea-grandense.
Como o já revelou, Zaeli não esconde de ninguém que financiou parte significativa da campanha de Flávia Moretti. Segundo ele, com um objetivo claro: tirar a família Campos do poder. Zaeli se vangloria do feito como se tivesse promovido uma revolução. Contudo, a chamada “nova política” foi baseada em acordos firmados em cartório, com testemunhas, nos quais se previa a entrega de determinadas secretarias ao vice-prefeito, com autonomia financeira e administrativa.
O que deveria ser uma parceria política se transformou em uma guerra fria. Ainda conforme relatos do próprio Zaeli, logo após a eleição, a prefeita começou a escanteá-lo. Rompeu o pacto político, não lhe conferiu o devido espaço na gestão e sequer o convida para os atos oficiais da Prefeitura. A ruptura foi rápida, e hoje ambos já não disfarçam a rivalidade que se instalou no Paço Couto Magalhães.
Diante de tudo isso, se torna evidente: o povo de Várzea Grande jamais foi o foco dessa gestão. A disputa é meramente pelo controle do poder e dos recursos públicos. Ironicamente, toda a campanha de 2024 foi construída sobre críticas ferozes à família Campos. Agora, porém, tudo se encaminha para a volta do grupo ao comando da cidade. Os mesmos que prometeram renovação estão abrindo caminho para o retorno daqueles que combatiam.
A história, aliás, parece se repetir. A situação atual remete fortemente ao que ocorreu na gestão de Murilo Domingos, quando Tião da Zaeli também ocupava o cargo de vice-prefeito. O empresário mais uma vez demonstra não ter disposição para encabeçar uma chapa, mas também não aceita a condição de coadjuvante. Quer exercer o poder, sem, contudo, assumir diretamente o desgaste de estar à frente.
É lamentável constatar que nem Flávia Moretti nem Tião da Zaeli demonstram preparo técnico ou equilíbrio emocional para administrar um município da complexidade de Várzea Grande. A cidade enfrenta problemas graves: buracos nas ruas, mato tomando conta das calçadas, aluguel da Maternidade municipal em atraso, vazamentos constantes nas vias públicas, falta de água, entre outros. Em vez de buscarem soluções conjuntas, prefeita e vice se engalfinham em uma disputa mesquinha.
Várzea Grande está abandonada, entregue às traças. A gestão Moretti-Zaeli, que começou como símbolo de mudança, caminha para um desfecho melancólico e desacreditados. Mais uma vez, quem perde é a população.
*Edina Araújo, jornalista e diretora do Portal VGNOTICIAS
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