por Carlos Fávaro*
Há pelo menos 30 anos Cuiabá vive o sonho de ouvir o apito e saber que os trilhos da ferrovia chegaram, trazendo desenvolvimento e pujança. Por razões nem sempre fáceis de compreender, esse sonho foi adiado várias vezes, ora por questões regulatórias, ora por questões políticas. O momento atual, no entanto, reúne as condições ideais para que esse sonho finalmente se torne realidade, uma vez que a Rumo, concessionária da Ferronorte, conseguiu as condições que desejava para poder investir na extensão dos trilhos.
Mesmo assim, existem pontos que requerem toda a nossa atenção e atuação política para garantirmos que esse sonho da Baixada Cuiabana se realize. Explico: Mato Grosso possui, atualmente, três projetos de ferrovia capazes de mudar radicalmente a nossa História. Um deles é a extensão da Ferronorte, de Rondonópolis até o norte do Estado, passando por Cuiabá. Outro é a Ferrogrão, ligando Lucas do Rio Verde ao porto de Miritituba, no Pará. E o terceiro é a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que virá de Goiás e vai conectar o Araguaia ao norte, podendo se estender a Rondônia no futuro.
Com essas três ferrovias em operação, teremos trilhos cortando Mato Grosso de norte a sul e de leste a oeste: um avanço sem precedentes em termos de logística, que é um dos gargalos históricos para o nosso desenvolvimento, pois dependemos de mercados externos para consumir nossos produtos. As dificuldades com as estradas são velhos conhecidos dos mato-grossenses – e a falta de ferrovias compromete a nossa competitividade. Ficamos menos atrativos para novos investimentos, que geram renda, empregos e melhoram a qualidade de vida da nossa gente.
O momento é único, pois as ferrovias são consideradas obras-chave pelo Governo Federal. Porém, sabemos que existe uma discussão sobre o traçado da Ferronorte passar pela nossa querida capital – ou mesmo ter um ramal que chegue até Cuiabá. E isso nos preocupa. Precisamos de transparência na discussão desse traçado. Precisamos de garantias de que Cuiabá será devidamente contemplada na extensão da Ferronorte. Por isso, na semana passada conversei com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e fiz questão de pedir o apoio pessoal dele para que nossa Cuiabá receba, em breve, os trilhos do desenvolvimento. Ele reforçou ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, a instrução para que isso seja priorizado.
Mas por que a nossa insistência em incluir Cuiabá no traçado da linha? Alguns chegam a argumentar que isso não é prioritário, porque o grosso da produção agropecuária do Estado não está na capital... Não concordo com esse argumento! Temos inúmeras razões para que Cuiabá esteja no traçado da Ferronorte. Não podemos permitir o absurdo que seria nossa capital tricentenária, matriz cultural do Centro-Oeste, ficar de fora desse grande corredor de desenvolvimento social e econômico que será construído em breve. Precisamos garantir e fortalecer cada vez mais essa ligação permanente de Cuiabá com os demais municípios do Estado.
Com a ferrovia, teremos acesso a produtos e matéria-prima com menor custo, mais oportunidades no turismo, estímulo à instalação de novas indústrias, novos mercados para os pequenos produtores da região, oportunidades para a agricultura familiar e inúmeros outros benefícios. É assim que vamos atrair investimentos, é assim que vamos gerar riqueza e distribuição de renda, tanto para a capital quanto para os municípios da Baixada Cuiabana.
Cuiabá precisa estar incluída em todo esse processo, e nós vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance para que isso aconteça. Nossa capital pulsa com seus mais de 300 anos de História e nos orgulhamos muito disso! Para preservar essa História e essa cultura, precisamos olhar para o futuro. E a Cuiabá do futuro quer estar ligada ao resto do mundo pelos trilhos com os quais sonhamos há tantos anos.
*Carlos Fávaro, senador interino por Mato Grosso
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