A Polícia Civil do Rio de Janeiro ainda enfrenta dificuldades para identificar os cerca de 30 homens flagrados em uma orgia ao ar livre na Pedra do Arpoador, na Zona Sul da cidade, durante a virada do ano. Mesmo com o envio de imagens ao Instituto de Identificação Félix Pacheco, o reconhecimento facial foi descartado devido à baixa qualidade do vídeo que registrou a cena.
"Com o vídeo que recebemos, o trabalho de identificação já começou e terminou. As imagens têm qualidade muito ruim e não se prestam para a perícia de comparação facial", afirmou Alexandre Trece Motta, diretor do instituto, ao jornal O Globo.
O caso, que teve grande repercussão nas redes sociais, está sendo investigado pela 14ª Delegacia de Polícia (Leblon), sob o comando do delegado Sandro Caldeira. Em nota, a Polícia Civil informou que está utilizando outras técnicas investigativas e solicitou imagens de câmeras de segurança para tentar identificar os envolvidos, classificando a apuração como "complexa".
Arte em meio à polêmica
Enquanto a investigação segue sem avanços concretos, o episódio ganhou um desdobramento inesperado no campo das artes. O artista visual Charlles Cunha, de São Paulo, criou uma pintura inspirada no evento, intitulada "No Arpoador". Realizada em acrílico sobre tela, a obra de 30x20 centímetros foi adquirida por R$ 1.600 por um casal brasileiro residente em Nova York, apenas um dia após sua finalização.
"Minha arte explora vídeos e imagens da internet, criando novas narrativas e registrando o efêmero através da pintura. Ao ver o vídeo do surubão, quis documentar e ressignificar a cena além do digital", explicou o artista ao O Globo.
O sucesso foi tanto que Cunha já está produzindo uma segunda tela, de 30x40 centímetros, vendida por R$ 2.400 para um jornalista paulista.
O evento também acendeu discussões sobre a marginalização histórica da sexualidade LGBTQIA+. Ativistas do movimento gay, como o professor universitário e influenciador digital Christian Gonzatti, destacaram que práticas como o *cruising* — encontros sexuais casuais em locais públicos — têm raízes em períodos de repressão social, quando a homossexualidade era condenada.
Por outro lado, o delegado Sandro Caldeira, apelidado nas redes sociais de "delegato" devido à sua popularidade online, rechaçou qualquer associação do caso a uma suposta luta por direitos. "Sexo explícito em local público é uma forma extremamente equivocada e, além disso, criminosa de se lutar por direitos", afirmou.
Apesar do embate de narrativas, a prática de ato obsceno em lugar público continua sendo considerada crime pelo Código Penal Brasileiro, com penas de detenção de três meses a um ano ou multa. (Fonte: OGlobo)
Leia também - BBB 25: Começou o jogo com novas regras e prêmios que chegam a R$ 6 milhões