O setor algodoeiro em Mato Grosso, líder na produção nacional, enfrenta um cenário de quedas significativas nos preços de subprodutos importantes, conforme aponta o relatório do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) desta semana. Apesar desse movimento, a safra de 2023/24 segue batendo recordes de produção, impulsionada pela maior rentabilidade da cultura em comparação com o milho.
De acordo com o IMEA, o preço do caroço de algodão apresentou uma queda de 1,02% na última semana, fechando com a média de R$ 616,41 por tonelada. Esse declínio é atribuído à maior oferta do produto no mercado interno, reflexo do avanço do beneficiamento da safra. Outro subproduto que registrou redução foi a torta de algodão, que caiu 0,61% no período, sendo cotada a R$ 713,75 por tonelada.
Essas reduções ocorrem em um momento de avanço expressivo da colheita no estado. Até o final de agosto, 86,77% da área projetada já havia sido colhida, marcando um crescimento de 12,58 pontos percentuais em relação à semana anterior. Mesmo com a queda nos preços, o volume de algodão em caroço produzido no estado deve atingir 6,39 milhões de toneladas, um número recorde, consolidando Mato Grosso como o principal polo algodoeiro do Brasil.
Entretanto, nem todos os subprodutos sofreram desvalorização. O óleo de algodão, por exemplo, viu seus preços subirem 0,70%, atingindo R$ 4.122,86 por tonelada. O aumento se deve principalmente à crescente demanda das indústrias de biodiesel, um fator que deve continuar influenciando os preços no curto prazo.
Embora a pressão sobre os preços seja considerada sazonal, comumente ocorrendo no período da safra, os analistas destacam que a dinâmica da demanda nos próximos meses será crucial para determinar as futuras variações. "A movimentação dos preços depende diretamente da demanda interna e externa, além da estabilidade no câmbio, que afeta a competitividade do algodão brasileiro no mercado internacional", explica o relatório.
Apesar da leve retração nas cotações, a safra segue como uma das mais produtivas dos últimos anos, resultado do maior investimento dos produtores na cultura, especialmente após o algodão se mostrar mais rentável do que o milho. Isso motivou os cotonicultores a ampliarem a área de cultivo na segunda safra, mesmo diante das adversidades climáticas e de mercado.
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