As previsões climáticas para Mato Grosso indicam um cenário preocupante para os produtores de soja no estado, que é o maior produtor do grão no Brasil. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA), os meses de setembro e outubro de 2024 devem registrar volumes de chuva abaixo da média histórica, o que pode impactar significativamente o ritmo da semeadura e o potencial produtivo das lavouras plantadas precocemente.
De acordo com os modelos climáticos analisados pelo IMEA, as anomalias de precipitação apontam para um cenário de seca nos primeiros meses da safra, o que traz incertezas e desafios para os agricultores. "A falta de umidade no solo neste momento crítico de plantio pode levar à perda de produtividade nas áreas semeadas antecipadamente", alertou o instituto nessa segunda-feira (02.09).
O cenário preocupa, especialmente porque a safra 2024/2025 está projetada para ocupar 12,66 milhões de hectares, a maior área já cultivada com soja no estado. A antecipação do fim do vazio sanitário da soja, prevista para 7 de setembro, permitirá que os produtores comecem a semear, mas muitos tendem a aguardar a normalização das chuvas para iniciar os trabalhos no campo.
Com os sinais de um El Niño forte, que historicamente traz secas prolongadas para o Centro-Oeste brasileiro, os produtores enfrentam o dilema de semear o quanto antes para aproveitar a janela de plantio, ou esperar por melhores condições climáticas, arriscando perder o melhor período de desenvolvimento das plantas.
Além disso, o impacto negativo das condições climáticas adversas pode agravar ainda mais o mercado da soja, que já enfrenta oscilações de preços devido à alta do dólar e à demanda global. Na última semana, o preço da soja disponível em Mato Grosso fechou em R$ 120,14 por saca, um aumento de 3,54% em relação à semana anterior, impulsionado pela alta de 1,50% na Bolsa de Chicago e pela valorização do dólar.
Os próximos meses serão decisivos para a safra de soja em Mato Grosso. A expectativa é de que os produtores adotem estratégias cautelosas, buscando minimizar os riscos de perdas e garantir uma colheita satisfatória, apesar das adversidades climáticas que se desenham no horizonte.
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