Em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a equipe da Secretaria de Política Agrícola, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou, nesta quarta-feira (29.01) as principais diretrizes que o governo pretende implementar no novo Plano Safra de 2025. Diante do atual cenário de juros elevados e restrição orçamentária, o foco é buscar soluções que incentivem a produção agropecuária sem comprometer a responsabilidade fiscal.
Segundo Fávaro, o objetivo é estruturar um plano eficiente e moderno, garantindo condições favoráveis para que o Brasil mantenha sua posição de destaque como grande exportador de alimentos. Entre as medidas prioritárias está a modernização do seguro rural, tornando-o mais eficaz diante das mudanças climáticas e dos desafios na produção.
“Precisamos de um seguro rural mais efetivo, que realmente dê segurança ao produtor em tempos de instabilidade climática. A reunião com Haddad foi essencial para alinhar essas questões e direcionar nossas equipes para um trabalho intenso na formulação do plano”, destacou o ministro.
Desafios e soluções para o financiamento agropecuário
Com a taxa Selic elevada e dificuldades orçamentárias para subsidiar juros, o governo busca alternativas para manter um financiamento acessível ao setor. Entre as medidas estudadas está a ampliação do uso de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) para financiar atividades agropecuárias e a captação de recursos internacionais.
Fávaro ressaltou o sucesso do AgroInvest, programa que destina recursos à recuperação de pastagens degradadas. Nos últimos dois anos, R$ 7 bilhões foram alocados anualmente para essa iniciativa, com taxa de juros de 7% ao ano. A expectativa é ampliar esse modelo para outras linhas de financiamento agropecuário sem pressionar o Tesouro Nacional.
Estabilidade econômica e o impacto nos preços dos alimentos
Outro ponto abordado pelo ministro foi a preocupação do governo com a estabilidade dos preços dos alimentos. Embora o ministro da Fazenda tenha enfatizado que não há recursos disponíveis para medidas de controle imediato, Fávaro destacou que a própria dinâmica do mercado pode contribuir para a redução dos preços.
“A estabilidade econômica já tem reflexos positivos, com a queda do dólar, o que reduz pressão sobre os custos de produção. Além disso, uma supersafra está a caminho, o que deverá garantir uma oferta abundante e ajudar a conter a inflação”, explicou.
Entre as medidas em estudo, está o estímulo à produção de alimentos básicos como arroz, feijão, hortaliças e frutas, garantindo condições diferenciadas de financiamento para esses cultivos.
Importação de alimentos: solução pontual
Sobre a possibilidade de redução de tarifas de importação para conter oscilações no abastecimento, Fávaro negou qualquer medida generalizada, afirmando que o governo adotará soluções pontuais e equilibradas. Como exemplo, citou a autorização de importação de trigo em 2023, quando houve atraso na safra do Rio Grande do Sul, evitando um aumento expressivo no preço do pão.
Próximos passos
O governo seguirá discutindo as medidas para o novo Plano Safra nas próximas reuniões, envolvendo diferentes órgãos como o Ministério do Desenvolvimento Agrário e a Conab. A meta é estruturar um pacote de medidas técnicas, evitando soluções de curto prazo que possam comprometer o equilíbrio econômico.
“Não haverá medidas heterodoxas ou pirotécnicas. Vamos construir um plano eficiente, que dê segurança ao produtor e garanta estabilidade ao setor agropecuário”, concluiu Fávaro.