Após passar mais de 34 anos detido para cumprir uma pena que chegava a quatro séculos de prisão, o americano Sidney Holmes, um homem negro de 57 anos, foi inocentado e solto na última segunda-feira (13), quando a Justiça da Flórida concluiu que não havia evidências suficientes para a sua condenação.
"Vou procurar algo para comer", disse ele a jornalistas assim que foi libertado. "Eu não posso ter ódio. Eu só tenho que seguir em frente." Sua mãe, Mary Holmes, acompanhou emocionada a decisão do juiz Edward Merrigan e foi amparada enquanto esperava a saída do filho como um homem livre. Segundo o jornal Miami Herald, ela pretendia levá-lo para comer fora assim que fosse solto.
Outros membros da família, como a irmã de Holmes e uma tia, também o esperavam. "É muito, muito, muito tempo de atraso. Um dia muito esperado", afirmou Nicole Mitchell, sua irmã. Durante o período em que esteve na prisão, onde entrou com 23 anos, Holmes perdeu seu pai e os avós, de acordo com o jornal.
Ele foi preso em outubro de 1988 e condenado em 1989 sob a acusação de ter sido o motorista de fuga durante um assalto a duas pessoas que estavam do lado de fora de uma loja em Broward, condado da Flórida. Único preso pelo crime, Holmes foi condenado com base em relatos de uma testemunha com técnicas comuns na época, mas que não seriam aceitas hoje, segundo o gabinete da procuradoria.
Segundo a emissora CBS, uma investigação civil, conduzida pelo irmão de uma das vítimas, chegou a Holmes porque ele tinha um carro similar ao usado pelos criminosos. Mais recentemente, ambas as vítimas se posicionaram a favor da libertação dele.
A procuradoria atuou em conjunto com a Innocence Project of Florida, uma organização que ajuda inocentes presos e para quem Holmes escreveu em 2019 pedindo uma investigação sobre o seu caso. Seth Miller, que atua na ONG, afirmou que havia erros de identificação de carros e fotos em seu processo, além de "indicadores de inocência real".
Em 2020, ele também contatou a Unidade de Revisão de Condenações da Procuradoria do Estado, que começou a atuar com a ONG. "Não há nenhuma evidência que liga Holmes ao roubo além de uma identificação falha", disse a promotora Arielle Demby Berger.
"Minha família sempre esteve comigo o tempo todo", disse Holmes. "Então perder a esperança não era uma questão."
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