Um ano atrás, depois de encher seu cofrinho com a mesada que ganhava dos pais e com alguns trocados da venda de gibis usados, Débora Landau comprou sozinha, pela primeira vez, um brinquedo que tanto queria.
“Fiquei muito feliz quando saí da loja, sabendo que eu mesma tinha conseguido economizar”, conta.
Aos 10 anos, ela já aprendeu que dinheiro não cai do céu e que são precisos tempo e disciplina para juntá-lo e comprar o que se quer. Por isso, agora prefere ganhar dinheiro em vez de presentes. Neste Dia das Crianças, depois de meses de poupança, Débora já decidiu o que fazer com suas reservas.
Nesse ano quero um iPhone. Até fui na loja que quero comprar. Eu vou dar o dinheiro para o meu pai, para ele comprar para mim. Se faltar um pouco [de dinheiro], acho que ele pode colocar”, disse Débora. Ela contabiliza receber cerca de R$ 30 por semana e garante resistir às tentações de gastar “com bobagens” o que guarda durante todo o mês. “Quando saio com meus pais, levo em uma bolsinha só um pouco de dinheiro, para não correr o risco de faltar para comprar o presente que eu quero mesmo”, contou.
A disciplina de Débora foi fruto das conversas com os pais. “Meu pai me diz que dinheiro não cai do céu e que eu preciso aprender que tudo custa dinheiro e que dá trabalho ganhar.” Diante dessas orientações, ela disse ter percebido que qualquer gasto precisa de planejamento. “Calculo tudo antes para não ter que pedir dinheiro para o meu pai. Então, eu faço todas as minhas tarefas, ajudo a cuidar dos meus cinco animais de estimação – que fazem muita sujeira – e consigo o que preciso.”
Neste Dia das Crianças, além do telefone, Débora faz planos de comprar acessórios para suas duas cachorras, “mas só se sobrar dinheiro”.
Disciplina
Para especialistas em educação financeira infantil, trocar o presente pelo dinheiro pode ser uma boa oportunidade para ensinar a criança a poupar e a ter disciplina. “Os pais estimulam as crianças a aprender que os sonhos podem ser realizados. Se os pais apenas derem o dinheiro, sem explicar que ele pode ser usado para comprar um presente mais caro, mais legal, que ela queira muito, há risco de a criança ficar consumista, gastona ou até mesmo avarenta”, disse o terapeuta financeiro e presidente da DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos.
Segundo o especialista, não adianta o pai dar dinheiro para criança, em alguma data especial ou por mês, sem determinar, junto com o filho, uma finalidade. “É possível até conversar com a criança e combinar que, daquele valor que ela está recebendo, uma parte pode ser gasta com doces, balas, figurinhas - coisas que todas gostam – e o restante fica guardado. É uma forma de ela aprender a administrar o que ganha.”
Foi juntando o dinheiro que a família dava no lugar de presentes que Isabella Ferreira Guedes, 9 anos, quase conseguiu comprar sua cachorra Mel. Quando estava com a quantia certa, pronta para levar o filhotinho para casa, a tia decidiu presenteá-la. Apesar de não ter tocado no seu porquinho para comprar sua cadelinha yorkshire, Isabella não gastou o dinheiro desde então e segue guardando a mesada que recebe da mãe e do tio. “Vou guardando o dinheiro da mesada, de troco. Não gasto quase nunca.” Para este Dia das Crianças, Isabella não pensou em nenhum presente especial e garante que não destruirá seu porquinho tão cedo.
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