Em um vídeo obtido pela coluna, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fala sobre os gastos no cartão corporativo. O pronunciamento foi feito na última semana, durante atendimento a apoiadores no condomínio em que está hospedado, em Orlando, nos Estados Unidos. Na ocasião, Bolsonaro aproveitou para atacar a oposição afirmando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “gastou o dobro”.
Bolsonaro se posicionou após a divulgação de notas fiscais que detalham os gastos nos cartões corporativos da Presidência da República durante o seu governo. Os comprovantes também revelam a existência de dezenas de saques em dinheiro vivo. Documentos indicam diversas retiradas de dinheiro em espécie ao longo de todo o mandato.
“Vocês sabem quanto eu gastei ou saquei do meu cartão particular durante quatro anos? Alguém tem ideia? Zero. Estou com os extratos aqui. Nunca paguei um picolé. Eu podia sacar até R$ 17 mil por mês, daria 3 mil dólares, para despesas sem prestação de contas. Nunca gastei um centavo, nunca saquei um centavo. Então não tem o que acusar. Agora, cartão corporativo, o Lula, fazendo as conversões, gastou o dobro do que eu gastei”, disse o ex-titular do Planalto.
Na semana passada, a coluna de Rodrigo Rangel, do Metrópoles, revelou que um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) identificou o uso dos cartões corporativos da Presidência para, com esses saques, fazer uma espécie de caixa dois de Bolsonaro.
No acervo publicado pela Fiquem Sabendo, organização que obteve as notas fiscais dos gastos do governo do ex-presidente, é possível encontrar saques sequenciais feitos na agência do Banco do Brasil do Palácio do Planalto, com valores que variam de R$ 500 a R$ 1 mil. Uma das notas mostra que, no dia 25 de junho de 2021, houve uma retirada de R$ 1.000 e, 40 segundos depois, uma outra de R$ 500. O responsável pela transação foi um assessor da Presidência.
Duas semanas antes, no dia 11 de junho de 2021, foram feitas quatro retiradas de R$ 1 mil em um intervalo de dois minutos. O saque foi feito por um outro servidor.
No dia 7 de junho, um sargento lotado como assistente no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) fez um saque de R$ 1 mil e outro de R$ 500. Segundo consta na nota, o dinheiro vivo foi para pagar excesso de bagagem na GOL, despesa que poderia ser custeada com o próprio cartão, sem necessidade de saque.
Três meses antes, em março daquele ano, uma assessora técnica de Planejamento e Orçamento da Presidência da República fez quatro saques de R$ 1.000 dentro de cinco minutos.
Ao todo, entre março e junho de 2021, servidores ligados a Bolsonaro sacaram R$ 11 mil do cartão corporativo para despesas que não têm finalidade declarada.
Também houve um saque, em junho de 2021, de R$ 22 mil do suprimento de fundos, que é previsto por lei como um adiantamento de despesas que não podem esperar licitações ou contratações diretas. O documento, assinado por um assessor, não declara para quais fins o adiantamento foi realizado.
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