Conta o G1 que o servidor público aposentado saiu de casa há 27 anos, quando Marry era recém-nascida. O pai nunca mais deu notícias. Com a ajuda de um grupo, a filha conseguiu levantar os dados do homem no SPC/Serasa e na Polícia Civil. A jovem fez uma vaquinha e embarcou em direção a São José do Rio Preto (SP), a 710 quilômetros de Brasília, para se encontrar com o pai.
A jovem contou que preferiu não avisar o pai por medo que ele fugisse. Depois que ex-servidor público, 62 anos, saiu de casa, a mãe de Marry ficou sabendo que ele também já havia abandonado outra mulher, com quem teve seis filhos.
“Ele simplesmente foi embora, ninguém sabe o porquê. Eu tinha 15 dias de nascida”, conta. “Quando coloquei no grupo, falando que meu sonho era conhecer ele, uma moça viu e disse: ‘você é sobrinha do meu pai. Meu pai também procura seu pai há muitos anos. Ele sumiu, ninguém sabe do paradeiro dele’.”
Marry contou com a ajuda dos membros da organização, que tem mais de 40 mil participantes e descobriu o endereço e o telefone do pai. O grupo se organizou e comprou as passagens e uma mala, que custaram R$ 392.
Para se reencontrar com o pai, a jovem se vestiu de agente do IBGE. “Não podia chegar chamando de pai, correndo o risco de assustá-lo. Tive de me preparar para tudo, mas não sabia como poderia ser a reação dele. Fizeram meu jaleco, meu chapezinho. Fui toda preparadinha”, recorda.
A reportagem conta que os dois se reencontraram, mas o ex-servidor público se disse tímido e não quis conversar com a imprens. Ele passou o dia na companhia da filha.
“Eu não podia imaginar um conto de fadas também, tinha estar preparada para tudo. Fui com o pensamento ‘só quero um abraço’. Era só o que eu queria. Estava confiante de que ele iria me abraçar, falar que me amava e que eu poderia falar que o amo também”, conta. “Não vou fazer nenhuma cobrança, nada. Nem pedir para ele voltar ou nada, nem cobrar explicação. Só quero o abraço”.
A jovem disse que contou com o apoio de toda a família, inclusive dos irmãos, que não puderam acompanhá-la. “É incrível isso, porque eu sofri muito na mão dos meus padrastos. Na escola, por exemplo, quando chegava o dia dos pais, todo mundo fazia cartinha e homenagem, e eu não. As outras crianças diziam 'todo mundo tem pai, menos você'. Sempre senti falta dele”.
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